Os meus pares diziam por aí, que a crónica: Inteligente, Vingativo e Solidário, era uma ficção e que não tinha protagonista, só porque não dei o focinho na dita crónica de há uns tempos, mais precisamente, Dez. de 2011. Para que não restem dúvidas e para que os Tomés acreditem, passo a apresentar-me de corpo inteiro e com testemunhas, embora mais velhote, mas com o estatuto e o conforto necessário que a idade me dá; permitam-me que realce dois pontos:

Àqueles a quem prejudiquei, por, por vezes ser Vingativo, espero que me olvidem, mas fi-lo sem intenção de magoar fosse quem fosse; foi só pelo instinto de sobrevivência e de revolta para com as injustiças e imparcialidades que me rodeavam e por ver como, às vezes, tratavam os da minha classe, em relação a outros com quem convivia, nomeadamente os porcos; que, depois de lerem a obra, O Triunfo dos Porcos de George Orwell publicada em 1945, achavam-se donos de tudo; eles que só comiam e de barriga tão cheia, pois recebiam os melhores petiscos: passavam o dia e noite a dormir, grunhir e não nos deixavam descansar e estavam sempre a mijar a cama, o que também incomodava as nossas sensibilidades olfactivas.

A recompensa da solidariedade

Mas o ponto principal que quero realçar é o da Solidariedade. Como disse e se ainda o não tinha dito, agora repito-o: sempre fui solidário para com os mais frágeis e agora que já estou mais vulnerável, como podem ver na foto, os descendentes daqueles a quem ajudei fazem questão de não me deixarem um minuto sozinho, preocupando-se com o meu bem -estar.
Ser altruísta, não custa, sabe bem e a recompensa chega, quando menos esperamos e de onde menos cuidamos

Como estamos em período de reivindicações, desde já aproveito, se me permitem, esta via bloguista, para convocar uma reunião de todos os primos burros e burras da aldeia, embora já sejamos poucos, para reivindicarmos um palheiro bem recheado de fenos, onde possamos conviver, namorar e passar tranquilamente os nossos últimos dias; de barriga cheia e quentinhos; sim, porque a nossa reforma, por enquanto, ainda dá para estes luxos. Assim evitaremos que os nossos donos nos entreguem no Lar dos Ciganos, a quem pagam 25€ para a nossa alimentação, mas eles gastam-nos em proveito próprio e deixam-nos por aí encostados a um barroco até morrermos tísicos e ao dispor dos lobos e abutres.
Estamos certos, que teremos a colaboração dos Inteligentes que nos chamam de burros e a quem prestámos inestimáveis serviços; a troco de um molho de ferrem, um braçado de canas ou uma facha de palha. E já agora, façam o favor de acreditar que: de burros só temos o nome.


Julho 2013( 27)
Apaulos

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  1. Ainda há muitos destes na aldeia? refiro-me aos de 4 patas.

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  2. Com estas virtudes e espertezas deve ser o único, estimem-no e chamem a Tv para que sirva de exemplo aos de duas pernas. Muito bem, também estes exemplos devem serem publicitados para vermos que este de burro só tem o nome.

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  3. Reconheço este burro, pertencia ao Sr. Gilberto Paulos.

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