No último almoço samarra de 06 de Maio de 2012, a propósito de determinadas tricas, recordava-me um octogenário bem lúcido, o Sr. C. Tomás, ex-emigrante e com filhos emigrados em três continentes, o que a minha mãe muitas vezes me dizia. Sabes filho, esta terra acolheu muitos “malvados” que, perseguidos por justiceiros ou pelas autoridades, se se agarrassem à aldraba dos portões da casa grande, já ninguém lhes podia fazer mal. Era “privilégio real à casa fidalga?” Em contrapartida, estes foragidos ficavam propriedade desta casa, para quem ficavam a trabalhar nas vastas terras que possuíam. Todas as terras boas da aldeia, excepto as da Ermida. À população, restava a encosta do soito, antigo souto de castanheiros, para cultivarem umas batatas e couves galegas, ainda hoje retalhada em mini hortas com cerca de 5/10m2 cada, umas outras encostas pouco soalheiras e a fareleira, para aqueles que conseguiam os favores dos feitores, onde semeavam o centeio depois de debulharem os barrocos à enxada ou ao arado com os burros. Não se via ali uma giesta ou figueito e o esforço do trabalho, após extraída as terças da renda, resultava em pouco mais do que a semente lançada à terra. Valia-lhes a palha para encherem as camas “colchões” e alimentarem os animais no inverno. As terras disponíveis eram poucas e pouco produziam, só a fome era muita, pelo que as tripas, com frequência, cantavam as lamentações do profeta Jeremias.


Se o bem é administrado pela igreja e a igreja é a comunidade, ou pelo povo que comunidade é, o essencial é que em cada época seja bem administrado e por certo, quem o fez ultimamente fê-lo o melhor que sabia. O património está lá e é nosso.
Quando visitamos, os Templos Egípcios, o Big Ben, Schönbrunn em Viena ou o Castelo de Praga, o maior do mundo, não perguntamos quem os administra, gostamos de ver, apreciamos e ficamos com vontade de voltar. Tal como acontece com os Romeiros da Senhora das Fontes e por certo, agora com o espaço alindado, o farão com mais gosto.

Não subscrevo o que o outro disse, “porque no te calas”, mas estaria mais de acordo com críticas construtivas. Como diz Dale Carnegie, ”os elogios quando sinceros são sempre um estímulo para quem os ouve”. No entanto, estes parecem mais difíceis de desembrulhar, como se observa nalguns comentários do blogue, chegando a duvidar se eles vêm de samarras ou de infiltrados.
Sublinhemos casos positivos, como aqueles em que o sobrinho, em seu nome e de certo em nome dos que apreciaram o trabalho, elogia o Tio António G., pela excelência da recolha de dados que fez na Torre do Tombo sobre a aldeia e aqui publicados. O A. Rodrigues e eu, quando jovens, fizemos algo parecido com pesquisa numa Enciclopédia Luso-Brasileira, mas estes dados não puderam ter a visibilidade destes, nem eram tão completos. Destacar ainda os apelos feitos ao longo do blogue, em datas diferentes por, nomeadamente; SP, SRP, JR, CR52, AR, para referir alguns que assinam o que escrevem ou comentam, se bem que, alguns outros anónimos, também têm o sentido cívico que é expectável, e que bem ficaria o seu ADN naquilo que expõem.
Quem olha muito para trás pode estampar-se, é verdade, mas se não soubermos de onde vimos, não saberemos quem somos. Continuemos a fazer a ponte entre o passado e o presente, com contos, crónicas e outros escritos e como a juventude é uma ponte entre o presente e o futuro e é agora, que os dois se encontram. A Juventude Samarra está a levar a carta a Garcia, testificada pelo que já conseguiram na Ermida e pelo número de adesões de confrades à Confraria dos Ermitães, que já ultrapassa a centena e meia. Não é isto um sinal de APOIO? Do rótulo desta crónica que é ancestral, já não nos livramos. Mas, DEIXEM TRABALHAR OS JOVENS QUE A ALDEIA OS CONTEMPLA.


Texto: Apaulos 
        Maio 2012 ( 7 ) 

4 comments Blogger 4 Facebook

  1. Estimado senhor Apaulos, é com agrado que verifico um pouco mais de irreverência na sua crónica, na forma como expõe alguns contextos históricos relativos à nossa pequena comunidade. tem uma abordagem muito emotiva, o homem é acima de tudo feito de emoções.
    se por vezes a suas crónicas foram de certo modo vítimas de algum sarcasmo, deve ter em conta que é o preço da exposição ao facilitismo do anonimato!
    creio contudo, que maior parte não são nem foram contra a sua pessoa ou desprestigiando a sua intervenção. são sim uma forma de "revolta" (sem esta não existe mudança ou evolução, é o marasmo da inércia, o definhar sem criar) para não compactuar com hábitos e comportamentos adquiridos ao longo de algumas gerações. os credos e os valores morais de cada um nada me dizem respeito, mas a herança cultural de um povo não deve estar subjugada em torno de unidades isoladas sem serem questionadas!


    a titulo de curiosidade o Vaticano despediu o director do seu banco. coisas da fé? espero que o Vaticano tenha também um aldraba nos portões.

    abraço fraterno ilustre Apaulos

    ResponderEliminar
  2. bom comentário Consul, é disso que se trata e também parabéns pela crónica. Eu sou um dos anónimos.
    Abraço.

    ResponderEliminar
  3. notei que por algum tempo os anónimos foram banidos,como se diz(paga o justo pelo pecador)tambem sou um desses anónimos,mas qualquer um que esteja registado pode fazer um comentario debaixo do anonimato(...dhu!!)e por seu lado o blog ficou um pouco parado em comentários devivo ao (blackout)mais uma vez um aplauso para o a.paulos(amen brother)não posso estar mais de acordo...um abraço

    (soldier)

    ResponderEliminar
  4. olha o Soldier :) o anónimo mais bizarro...

    ResponderEliminar

 

O Samarra © 2008-2022. Todos os direitos reservados.
Top