Março de 2015, o mês 3, levou-nos para sempre 3 ilustres Samarras:
08-03-2015 - Pe. António de Aguiar, nasceu em 16-01-1931, 84 anos,
23-03-2015 - Jeremias Carapito, nasceu em 10-04-1929, 86 anos,
30-03-2015 - Hermínio A. de Carvalho, nasceu em 22-02-1945,70 anos.
Destes ilustres Samarras, migrantes, o primeiro a imigrar para Lisboa foi o Pe. António de Aguiar cerca de 1943, onde estudou nos Seminários da diocese de Lisboa. Foi ordenado sacerdote em 15/8/1957 com 26 anos de idade, tendo exercido o seu múnus sacerdotal durante 50 anos, na diocese de Lisboa, enquanto a saúde lhe permitiu e após um longo período de débil saúde, partiu e ficou sepultado no cemitério de Barcarena – Oeiras, onde foi pároco durante vários anos, tendo as cerimónias das exéquias fúnebres sido presididas pelo Cardeal Patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente. O Pe. António de Aguiar só esporadicamente visitava a aldeia e com a sua partida, a aldeia Samarra deixou de ter sacerdotes ali nascidos.
Jeremias Carapito emigrou para o Brasil – S. Paulo no ano de 1954, já casado com uma Samarra de seu nome Emília Santos, filha do ferreiro já várias vezes referido nestas crónicas, o “Ti João, Ferrreiro, dos Santos”, se bem que marido e mulher pertencessem a famílias com posses na aldeia, eles partiram para o Brasil com o seu rebento de um ano o “João”, também ele assíduo nos comentários, por ele e por seu pai, neste blogue; para procurarem um modo diferente de vida, o que conseguiram, após anos de labuta como era timbre das primeiras gerações de emigrantes Samarras, não abanando a árvore das patacas, mas com o seu labor, conseguiram, lá, o que aqui, à data, dificilmente conseguiriam.
Demonstrando que não esqueciam o seu chão, ele e seu irmão Manuel, também já falecido, deram a uma das suas actividades o nome de “Mercadinho de Santa Eufêmia”. Sobretudo, após a sua aposentação era visitante habitual da aldeia, com a família e numa das crónicas que escrevi sobre “os minérios”, ainda meu deu umas dicas, pois também andou envolvido nesta actividade, ajudando o pai “Ti Augusto Carapito”. Este Samarra estava a planear passar os últimos dias perto da aldeia que o viu nascer, num lar da Guarda, juntamente com o seu tio G. Paulos, por quem tinha muita estima, mas o agravamento da saúde já não lhe permitiu realizar este desejo.
Se estes dois Samarras, com os seus 84 e 86 anos, já tinham entrado no “inverno da vida” e devido ao seu estado débil de saúde, tudo era esperado; o terceiro, embora estivesse na “alta primavera da vida”, foi o que e também por isso, mais nos surpreendeu e nos custou a sua partida.
Hermínio Azevedo de Carvalho, licenciou-se em direito na Universidade de Coimbra e após a licenciatura, emigrou para a capital e estabeleceu-se na praça de Lisboa, onde inicialmente teve escritório com os conhecidos advogados, Salgado Zenha e Almeida Santos, e mais tarde no escritório no No. 33 da Rua Latino Coelho - Lisboa.
Tínhamos um almoço agendado para dai a dias, mas não pudeste esperar, ia tentar convencer-te para participares no almoço - confraternização dos Samarras no próximo dia 17 de Maio no Parque de Montachique – Loures, mas não me deste oportunidade de provar a minha persuasão; o último onde me recordo que marcaste presença, foi no Vale do Jamor, junto do Estádio Nacional, onde também esteve o teu tio Daniel Carvalho e família. Na data do teu aniversário, costumava brincar contigo, desfiando-te a correres par ver se me apanhavas, mas, como que à traição e por veredas e carreiros que eu desconheço, cortaste a meta primeiro que eu.
Sei que te preparavas para arrumares a vida frenética da capital, do teu escritório e da barra dos tribunais, para rumares ao chão que te viu nascer e no sossego desta terra, sentires o cheiro do húmus e gozares o que em Lisboa não encontravas, como também a descreveste no comentário que me enviaste, aquando da primeira das 4 crónicas que relatam a historia da aldeia samarra e que eu transcrevi para os comentários, “como anónimo” e que, agora, com justiça aqui vou reproduzir com “autor”, mas “ela” não te deixou regressar pelo teu pé; no entanto, a tua mulher e filhos conhecedores dos teus anseios, para aqui te trouxeram, descansares para sempre em paz.
Comentário na crónica “Santa Eufêmia, suas Ermidas, Cruzeiros e Cruzes” 1a parte, crónica 43 de 30.09.2014: António “O teu estudo e análise histórico descritiva da nossa terra e da nossa querida Padroeira, onde as raízes nos chamam sejam quais forem as distâncias, não pode deixar de ser considerado como notável e precioso, em que todos nós, que somos dessa rude mas pura região que o Torga e Aquilino tão bem narraram e com a sua prosa inigualável engrandeceram, nós nos revemos com orgulho. Obrigado Antonio pela notável preservação descritiva desse admirável património que é uma memória que nos pertence e que partilhamos contigo com gratidão - H.A.C”.
Alguns dos teus amigos de sempre estava à tua espera, para ajudarmos a minorar a dor da mãe Aurora, da tua mulher, filhos, irmão e mais família. Diz-se que algo vai mal, quando os pais têm de enterrar os filhos e ali estava a tua mãe, no seu quase um século, a cumprir um dever, que pela ordem natural das coisas deveria ser teu. Ali estava ela a chorar a partida do seu “Marreta”, nome com que ela, por vezes, nos mimava e foi um instante de alívio, quando a meu pedido, me recordou esse mimo, pronunciando- o com um sorriso nos olhos, que lhe agradeci com um respeitoso beijo na testa.
Meu irmão de leite, como sempre me apresentavas a quem não me conhecia, um dia voltaremos a estar juntos e lembrar-te-ei que és tu quem paga o almoço que não chegámos a apreciar. Quando o teu pai partiu, no mesmo lugar onde agora repousas a seu lado, tu dizias-me: chegou a hora dele; mas a tua hora..., julgávamos nós..., ainda seria composta por segundos incontáveis..., mas, para esta matemática, ainda escola nenhuma criou uma cadeira; por isso lemos nas Sagradas Escrituras, nomeadamente em Mateus 25-13, vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora.
Tu que nasceste menino, enquanto a maioria de nós nascemos garotos, passaste a tua meninice entre minas e mineiros e de certo, foi essa memória que te levou a apoiar de imediato, a ideia do monumento ao Mineiro Samarra, tal como o Jeremias que também esteve enredado nesta actividade, mas já não puderam dar o vosso contributo para a sua concretização e por isso fica aqui o que pensavam sobre o mesmo.
Estes Samarras partiram na Quaresma e o último já na Semana Santa; há uns dias, na Eucaristia, o celebrante perguntava e respondia: o que há para além da morte? “A Vida”. Nós, que somos homens de Fé, pedimos a Cristo Ressuscitado que os acolha junto de Si.
Partiram e deixaram órfãos os vossos familiares e pelo vosso percurso de vida, em que honraram a terra samarra, também aqui muitos se sentem mais órfãos.
Apresentamos sentidas condolências, aos familiares destes três Samarras, que Homenageamos, pois, cada um na sua actividade, elevaram bem alto o chão que os viu nascer e que amavam.
Abril 2015 (49)
Apaulos
Jeremias Carapito,meu grande pai,faleceu em 23/03/2015.Um Samarra determinado,lutador de nossa aldeia ! Deixa saudades.
ResponderEliminarDois destes Samarras, foram a demonstração que a "ela" estamos presos pela memória olfativa, pela memória dos lugares de infância e isto é bem mais sentido pelos migrantes. Muito bem, é justo que se recordem os Samarras que amaram a sua e nossa terra.
ResponderEliminarEm primeiro lugar as condolências aos seus familiares. Gostei de saber que, também estes Ilustres Samarras, apoiavam a ideia de que se cumpra a dívida que a aldeia samarra tem para com muitos Ilustres Mineiros. Obrigada por trazer a toda a comunidade a notícia e as palavras que lhes dedicou.
ResponderEliminarÚltima foto da Capa," J.F.", como não posso através do Facebook, vai por aqui: extraordinária foto, parece que o tsunami se vai abater e engolir a aldeia, felizmente é só ilusão óptica. AP.
ResponderEliminarperderam-se 3 grandes samarras.
ResponderEliminarLinda homenagem!
ResponderEliminarNota.se por esta prosa que o autor gostava destes Samarras, como por ventura muitos outros, bem-haja por homenagear estes, aliás este sítio, também seria um boa lugar para dar a conhecer os Samarras que partem, aos que estão bem longe.
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