Vasaleira e cântaros de barro, aos quais no tempo de Jesus nas Bodas de Caná chamaram de talhas, para a água que se destinava à purificação dos judeus.
Vasaleira? Que nome esquisito dirão os jovens samarras de hoje.
Normalmente de madeira e embutida numa das paredes da cozinha ou à entrada de casa, a uma altura de cerca de um metro, servia para suportar os cântaros cheios de água, permitindo nesta posição, incliná-los e derramar a água necessária, como se fosse uma torneira, para uma panela ou alguidar para lavar o caldo verde, as batatas ou para uma bacia para a higiene diária.
Como tinha que se ir buscar longe, à fonte do Concelho, não a Pinhel, mas à nossa fonte assim chamada, as mulheres com os cântaros à cabeça em cima das rodilhas feitas com as ”molidas” ou ao ombro pelos homens, tinha de se apeguilhar com ela, ou seja poupar.


Esta, era a fonte que, quando em pleno verão as outras secavam como a fonte da preguiça na Rua Direita, nunca se negou a matar a sede aos seus Samarras, como o poço de Jacob aos Samaritanos, ainda que em certas alturas tivesse que se apanhar com um púcaro para se encherem os cântaros e tem a particularidade da sua água ser fresca de verão e quente no inverno. Hoje diríamos que era da radioactividade (10,7mBq/L de 238U), mas outros dizem que não, pois o veneno ainda estava adormecido, como esteve o gigante chinês, hoje a fábrica do mundo e no nosso caso só acordou, quando começaram a dinamitar e esventrar as entranhas das suas nascentes para a exploração do urânio. A partir de 1946 continuou a abastecer a população, mas agora, em parceria samarra com os dois primeiros fontanários da aldeia, os dos largos da torre e o da igreja.

Tal como, os Grandes Patriarcas do a. T. Isaac (Gn 24), Jacob (Gn 29) e Moisés (Êxodo 2), conheceram as suas futuras esposa junto do poço, também a fonte do concelho foi ponto de encontro, de muitos e muitas Samarras e hoje pode testemunhar, que foi local de muitos pedidos de namoro, que mais tarde se vieram a concretizar em casamentos.
Sempre a água como elemento preponderante de grandes acontecimentos.
No texto bíblico (Jo. 4,7-15), a água do poço onde a Samaritana se abastecia foi muito importante até ao encontro com o judeu o “Água Viva”, a fonte do concelho, onde os Samarras se abasteciam durou até ao evento das torneiras nas suas casas.


É da “traditio” e esta tem muito valor, um dia dois espanhóis, já tomados pelo vinho, chegaram à aldeia e não tendo onde ficar para dormir, deambularam pela aldeia e descobrem aquele “cabanal”, então era aberta. Um entra lá para dentro e o outro pergunta mano hay la palha e ele já a afogar-se, responde ofegante, ah, aah, aaah, e entra também. Esta terá sido a única vez, em muitos anos, em que a água foi considerada inquinada, pois, o conceito de radioactividade ainda eram lérias.
Estes eram os mesmos contrabandistas de minério, que uns meses atrás, ao descerem o passeio e confundindo as nogueiras que ali estão, com melocotoneros, encheram os bolsos e caminho adiante foram comendo a polpa e jogando os caroços fora, enquanto um dizia, mira que amarujam un pouquito, mas que son melocotones son. A hormona “Grelina”, a da fome, estava especialmente activa e o garoto Samarra à distância ia enchendo os bolsos com os caroços, isto é com as nozes.

Visitem este local que foi recentemente requalificado, pela Junta de Freguesia no tempo do seu presidente o Sr. Adérito Silva e sua equipa, D. Mª Helena Paula e Sr. Jorge Santos Amaral, que está muito aprazível.

Texto: Julho 2012 (10) Apaulos

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  1. O X-Man bebeu dessa água amarelada tipo pro laranja e hoje tem o sucesso que todos sabem.
    Resulta!

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  2. porque fonte do concelho se nunca fomos sede de concelho? Era a fonte de todo o concelho, a mais bela? De que ano? 1700? É linda e a zona mereceu a requalificação que foi sujeita, já não vou lá há mais de um ano espero que se mantenha bem cuidada.

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  3. já agora, a fonte que está na primeira foto, sempre com água fresquinha é mais antiga? Alguém sabe a época? Diziam que era romana!

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  4. Como se verifica na primeira foto, o espaço foi requalificado e ficou bonito. Fica uma sugestão à Junta de Freguesia na pessoa do seu Presidente o Sr Delfim Júlio, para que, logo que possível mande alindar o Chafariz da segunda foto, dado que é um monumento ancestral da freguesia e foi ali, que durante centenas de anos o "vivo samarra" matou a sua sede quer fosse inverno ou verão, pois também este nunca deixou de correr.
    Saudações Samarras.

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