Mais uma QUARESMA, a de 2021 – a segunda, EM CONFINAMENTO.

400 Anos e 40 Anos; 40 Dias; 400 Dias e 40 Dias.

 O tempo dos Hebreus; o tempo de Jesus; tempo Covid19 em confinamento e o Tempo Quaresmal.

400/430 anos, foi o tempo vivido em cativeiro pelos hebreus no Egito.

40 anos o tempo necessário da sua caminhada, após a »Pêssah – Passagem – Páscoa», até ao deserto do monte Sinai e sua travessia, guiados primeiro por Moisés e depois por Josué, até à Terra Prometida.                                                                                                                                      

40 dias foram os dias que Jesus passou no deserto em oração e jejum preparando-se para a Sua Páscoa.                                                                                                                                              

400 dias em confinamento, a que a COVID19 nos acorrenta, desde 2 de março 2020,                                                                                                                                         40 dias, o tempo Quaresmal que se repete todos os anos, desde a Quarta-Feira de Cinzas até à Semana Santa que culmina com; Pêssah – Passagem - a Páscoa do Senhor – a Sua Passagem da Morte à VIDA. A Festa da Libertação.

Cerca de 400/430 anos, foi o tempo que os hebreus passaram no Egito, para onde emigraram, para fugirem à fome que grassava no seu país e com perspetiva de melhorarem as suas vidas. Se inicialmente foram bem acolhidos e respeitados, o que de certo também se ficou a dever ao seu conterrâneo José, que tinha sido vendido pelos seus irmãos a mercadores egípcios de escravos, mas que, por razões já referidas na prosa de 2019, caiu nas graças do Faraó, que fez dele o seu braço direito e cognominou-o de José Safnat-Panéa e deu-lhe por mulher Assenat, uma jovem que o tinha escondido do negociante de escravos, quando fugiu e a quem José prometeu, que jamais a esqueceria e o Faraó nomeou-o chefe da casa. Gn.41,40 “Tu mesmo serás o chefe da minha casa…”. Gn. 41,41: E disse ainda a José: “Eis que te ponho à frente de todo o país do Egito”.

A ida voluntária, por necessidade de sobrevivência, veio a tornar-se em cativeiro e opressão.

Anos após a morte de José, o Faraó reinante à data, que não privou com José e fazendo tábua rasa, de todos os considerandos sobre o José hebreu, começou a desconsiderar os hebreus e tratá-los como escravos, nomeadamente nos trabalhos das grandes obras, faraónicas, que estes estavam a construir e por que a comunidade hebraica era cada vez mais numerosa e temendo pelo sucesso da sua governação, começou a desacorçoá-los e infernizar-lhes a vida.

Deus, não gostando do que estava a acontecer aos hebreus, resolveu agir. Então, cerca de 1.244 a.C., Moisés agindo sob orientação de Deus e com  a ajuda de seu irmão Arão, conduziu os seus irmãos hebreus para fora do Egito, atravessando o Mar Vermelho a pé enxuto.  Estavam decorridos cerca de 400/430 anos após a emigração. É deste ato, da “Pêssah – Passagem – Páscoa”, que deriva a Páscoa. Após 40 anos de caminhada, com várias turbulências e resmungos no percurso, chegaram ao Monte Sinai e ao alcançarem as planícies de Moab, a pé enxuto.  

Moisés com as tábuas da Aliança, que recebe das mãos de Deus.                                                                    

1.º - Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas.2.º - Não usar o Santo Nome de Deus em vão.3.º - Santificar os Domingos e festas de guarda.4.º - Honrar pai e mãe (e os outros legítimos superiores).5.º - Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo)6.º - Guardar castidade nas palavras e nas obras.7.º - Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo).8.º - Não levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar à verdade ou difamar o próximo).9.º - Guardar castidade nos pensamentos e desejos.10.º- Não cobiçar as coisas alheias.


Estavam decorridos cerca de 400/430 anos após a emigração. É deste ato, da “Pêssah – Passagem – Páscoa”, que deriva a Páscoa. Após 40 anos de caminhada, com várias turbulências e resmungos no percurso, chegaram ao Monte Sinai e ao alcançarem as planícies de Moab, Dt. 34 Moisés subiu ao Monte Nebo, hoje em terras da Jordânia, de onde O SENHOR lhe mostrou a Terra Prometida; 4 »Esta a terra que jurei dar a Abraão, Isaac e Jacob. Dá-la-ei à vossa descendência. Viste-a com os teus olhos, mas não entrarás nela».  Moisés, ficou-se por aqui, pois argumentando que com os seus 120 anos já não tinha forças para os conduzir e 5 Morreu ali nas terras de Moab, onde foi sepultado. Moisés havia entregado o comando do povo hebreu a Josué, a quem Deus disse que iria estar com ele, para não ter receio de arcar com a responsabilidade e foi sob as suas ordens que os filhos de Jacó (Israel) alcançaram a Terra Prometida.

Monte Sinai

Há cerca de 400 dias que a Pandemia – COVID19, traz o mundo em sentido e apavorado com as mortes que este vírus têm provocado e com os sucessivos confinamentos que vieram alterar as nossas vidas e atividade. Com as vacinas descobertas em tempo record e a que todos aspiram, bem como, com o denodado esforço dos profissionais de saúde, também nós aspiramos pela libertação deste pesadelo que já levou tantas vidas, perante a angustia daqueles que os amam, por não poderem estar ao seu lado nos últimos momentos, por não lhe poderem dizerem palavras de consolo e carinho de que necessitavam, por não lhes poderem expressar toda a gratidão, por não os poderem consolar e segredar-lhes que estejam em paz, que Deus os espera. Os profissionais de saúde, quando após um turno prolongado, despem o kit de proteção, aliviam a sua raiva e frustração da incapacidade de salvarem vidas, por vezes por falta de meios, deixando cair as lágrimas, que em situações normais, deveriam ser de júbilo por terem salvo mais uma vida. O confinamento, as precauções e as vacinas dão-nos a esperança de libertação deste vírus, como o povo de Israel esperava pela libertação do jugo do Faraó… Esta pandemia veio alterar tantos paradigmas de vida, que jamais voltarão a ser o que eram e também ela demonstrou que muitas coisas têm alternativa à sua execução.

A passagem da escravidão egípcia, para a liberdade é algo que todos os hebreus devem celebrar a cada ano para que se lembrem de que Deus os tirou daquela terra opressora. A cada geração, cada judeu deve se ver como se ele pessoalmente tivesse saído do Egito. Pois está escrito: “Você deverá contar aos seus filhos, neste dia, “Deus fez esses milagres para mim, quando eu saí do Egito”.

Diz-nos o Papa Francisco, qual Moisés dos judeus,” que a Quaresma: é o tempo para renovar a , a esperança e a caridade. É o tempo de acolher e viver a Verdade transmitida de geração em geração pela Igreja…. Esta Verdade é o próprio Cristo, que, assumindo completamente a nossa humanidade, Se fez Caminho – exigente, mas aberto a todos – que conduz á plenitude da Vida”.

“No contexto de preocupação em que vivemos atualmente, onde tudo parece frágil e incerto, falar de esperança poderia parecer uma provocação. O tempo da Quaresma é feito para ter esperança, para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua a cuidar da sua Criação, não obstante nós a maltratarmos com frequência (cf. Enc. Laudato si´, 32-33.43-44). É ter esperança naquela reconciliação a que nos exorta apaixonadamente São Paulo: «Reconciliai-vos com Deus»  (2 Cor 5, 20). «Na Quaresma, estejamos mais atentos a dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem em vez de palavras que humilham, angustiam e desprezam» (FT, 223)”.

Podes não saber curar, mas mesmo que não possas diminuir o sofrimento do outro, importando-te; irás diminuí-lo ao dirigir-lhes um sorriso, uma palavra e dás-lhe esperança a ajudá-lo a suportar o seu sofrimento.

Continuando dize-nos o Papa: “A caridade…. é a mais alta expressão da nossa fé e da nossa esperança”. “O pouco, se partilhado com amor, nunca acaba, mas transforma-se em reserva de vida e felicidade”.

Por causa do COVID19, as nossas aldeias não se vão encher dos seus filhos migrantes e os poucos que ali teimam em resistir sentir-se-ão mais sós, as ruas não se vão atapetar de era, flores e rosmaninho, para receberem O Cristo Ressuscitado em procissão, o compasso (folar) ficará adiado; o elétrico 28 na Capital, deixará de rolar para transportar os 25.000 turistas espanhóis que não vieram e estes não ficam adiados. 

Em Jerusalém na Igreja Santo Sepulcro (ap 2016)

Este quadro encontra-se na Edícula do Santo Sepulcro em Jerusalém, lembrando aos cristãos, que O CRISTO, na Sua Pêssah- na Sua Páscoa – aconteceu a Sua Passagem da morte para a Vida, que Ressuscitou e que já não se encontra ali. A Ressurreição confirma a divindade de Cristo e Ele que nos garante a graça da adoção filial, Ele ressuscitará o nosso corpo. (CIC).     Diz-nos S. Paulo 1 Cor.15, 19 “E se nós temos esperança em Cristo apenas para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”, e ainda Paulo em  1 Cor.15-21 ”Porque, assim como por homem veio a morte, também por um homem vem a ressurreição dos mortos”.

Uma Santa Páscoa para todos os amigos e para os que a possam ler no blog “osamarra”.

Abril 2021 (84 – Blog).

Apaulos



6 comments Blogger 6 Facebook

  1. Atrasada, mas valeu, tambem gostei do paralelismo que fez com a pandemia. Não fazia ideia de onde derivava a Páscoa. Obrigada

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  2. Gostei obrigada pela partilha Apaulos.

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  3. Sr. A.Paulos, obrigado, nunca deixe arrefecer essa sua paixão pela terra de Jesus e que esse entusiasmo dê contexto e suporte à sua fé cristã. santa Páscoa.

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  4. M.M. e Leonel Andrarde13 de abril de 2021 às 12:20

    Agradecida, pela prosa de que gostei e que vou guardar para reler. Esperamos voltar lá com o Prof. P. João Lourenço. abraço.

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  5. Quando sai do âmbito descritivo dos assuntos da nossa terra, que domina bem, também demonstra conhecimentos que partilha e que pela minha parte digo; bem-haja Apaulos.

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