Johnny Cash
The Very Best of Johnny Cash

Johnny Cash nasceu em 1932, no estado norte-americano do Arkansas. Filho de um casal de fracas posses, desde cedo ajudou a família no cultivo da terra; quando tinha três anos, o seu Pai aproveitou um programa de ajuda aos agricultores, mudando-se para Dyess, em busca de melhores oportunidades. Aos quatro anos, Johnny ficou fascinado por uma música ouvida numa estação local, e decidiu que cantar na rádio era o sonho a seguir. Incentivado pela Mãe, que tocava piano e guitarra, o jovem começou a ter aulas de voz aos 12 anos. Ao ouvi-lo dar vida a canções conhecidas, de forma completamente díspare dos seus intérpretes originais, a professora ter-lhe-á dito para não tentar imitar ninguém, e cantar sempre as músicas à sua maneira. "Tu não precisas de aulas", completou a docente, deixando Cash contente por a sua Mãe poder deixar de lavar a roupa aos professores, como forma de lhes pagar.

Quando acabou o ensino secundário, impossibilitado de entrar na Universidade, por falta de dinheiro, o adolescente mudou-se para Detroit, onde trabalhou algum tempo, numa fábrica de automóveis. A experiência tê-lo-á inspirado a compor "One Piece At A Time", canção na qual descreve o processo através do qual um operário monta o seu próprio Cadillac, roubando à fábrica uma peça de cada vez, e levando-a a para casa na lancheira. Com o começo da Guerra da Coreia, Cash juntou-se à Força Aérea. Na altura, comprou a primeira guitarra, com a ajuda da qual escreveu o clássico "Folsom Prison Blues".

Em 1954, deixa a Força Aérea, casando com Vivian Leberto, uma mulher do Texas, onde recebera formação militar. Já em Memphis, inscreveu-se num curso de rádio, formando, ao mesmo tempo, um trio com o guitarrista Luther Perkins e o baixista Marshall Grant. Actuando ao vivo, o grupo tentava chamar a atenção da Sun Records, a famosa editora de Sam Phillips, conhecida por ter editado os primeiros discos de Elvis Presley.

Em 1955, e após ser ignorado várias vezes pelo produtor e engenheiro de som, Cash interpelou Phillips à porta dos estúdios da Sun, apresentando-se como cantor gospel. Phillips pediu-lhe que optasse por uma direcção mais comercial, e o músico respondeu com "Hey Porter" e "Cry Cry Cry", as duas primeiras faixas que grava para a Sun.

No ano seguinte, "Walk The Line" chegava ao top 20 da tabela pop. O apelo universal de Cash é, de resto, uma das suas qualidades mais reconhecíveis, uma vez que o músico foi o único a ser nomeado para o Hall of Fame da Country, do Rock, e dos Songwriters. A fama do artista cedo se cimentaria, também, ao vivo, com a estreia, em 1957, no Grand Ole Opry. A forma como se apresentou em palco, vestido de preto dos pés à cabeça, acabaria por valer-lhe a alcunha de "Man In Black". No mesmo ano, o intérprete tornava-se o primeiro músico a lançar um LP pela Sun, até então especializada em singles: "Johnny Cash With His Hot And Blue Guitar" é o título da bem-sucedida estreia do cantor nos longa-duração. Seguiram-se vários singles de êxito e uma história de hostilidade com a Sun, que se recusava a aumentar os honorários de Cash, bem como a deixá-lo gravar o ambicionado disco gospel.

Em 1958, o músico abandonou a etiqueta, assinando pela Columbia.
Na década seguinte, e apesar do impacto dos sucessivos singles, o músico começou a ressentir-se de uma agenda que chegava a incluir mais de 300 espectáculos por ano. Nem "Hymns by Johnny Cash", o projecto gospel que concretizou em 1959, salvou o norte-americano das agruras da droga. As anfetaminas ajudavam-no a aumentar o ritmo de trabalho, mas depressa se tornaram um vício, e um entrave à sua vida profissional e pessoal.

Em 1963, Cash, procurado pela polícia por alguns desacatos, mudava-se para Nova Iorque, deixando para trás a família. June Carter, uma das vozes da influente Carter Family e mulher de um amigo de Cash, seria a chave do regresso do artista ao sucesso. "Ring of Fire", canção composta por June e cedida a Johnny, garantiu um novo número um ao intérprete, que passado um ano voltaria, porém, a ter problemas com a Lei, sendo preso por transportar anfetaminas no estojo da sua guitarra. No mesmo ano, o Grand Ole Opry recusou recebê-lo, vingando-se Cash com violência nas instalações do edifício. O percurso de auto-destruição foi quebrado, no final dos anos 60, por June Carter. Ambos divorciados há pouco tempo, Cash e Carter voltaram a encontrar-se e apaixonaram-se, casando em 1968.O pedido de casamento foi feito pelo músico durante um concerto, e o matrimónio, que durou até à morte de June, em Maio de 2003, salvar-lhe-ia a vida. Agradecido não só pelo apoio da mulher, como pela ajuda dos sogros - o Pai de June era teólogo e ensinou a Johnny o significado da Bíblia -- na sua reconversão, o artista prosseguiu a sua carreira, lançando, em 1968, "Johnny Cash at Folsom Prison", o seu disco mais popular. Gravado ao vivo numa prisão, o registo atingiu o galardão do ouro, sendo seguido por "Johnny Cash at San Quentin", em 1969. No mesmo ano, o norte-americano foi convidado para figurar em "Nashville Skyline", de Bob Dylan, encetando também uma carreira televisiva, com o programa "The Johnny Cash Show", que incluía actuações ao vivo e debates sobre questões sociais e políticas, nas quais o artista sempre se mostrou empenhado.

Em 1970, Johnny Cash cantou para o Presidente Nixon, na Casa Branca, participou num filme, com Kirk Douglas, e foi alvo de um documentário. A bonanza começaria a rarear em meados da década, altura em que decide publicar "Man In Black", a sua primeira autobiografia.

Em 1980, Cash tornou-se o mais novo nomeado de sempre no Country Music Hall of Fame, e encontrou alguma satisfação no seio dos Highwaymen, banda na qual alinhava ao lado de Waylon Jennings, Willie Nelson e Kris Kristofferson. No entanto, as vendas declinavam e a ligação com a Columbia checou ao fim, sendo substituída por um contrato com a Mercury, que nunca chegou a produzir resultados artísticos de grande monta.

Em 1993, Cash juntou-se à American Records, convidado pelo dono da editora, o produtor Rick Rubin. Conhecido pelo seu trabalho com artistas rock e rap, o norte-americano prometeu libertar Cash dos arranjos desfasados que lhe tinham turvado as gravações mais recentes, lançando um conjunto de álbuns que reabilitaram a carreira da lenda country, tornando-o um artista apetecível junto das gerações mais novas. "American Recordings" (1994), "Unchained" (1996), e a trilogia "Love, God, Murder" (2000) mostram um Cash mais próximo das suas raízes acústicas, cantando originais e versões escolhidas a dedo.

Aos 70 anos, Cash, que começara por se sentir inspirado, enquanto criança, pelas canções entoadas pelos trabalhadores da sua região, lançou "American IV: The Man Comes Around". Baseado num sonho que teve com a Rainha de Inglaterra, e na sua afinidade com a Bíblia, o trabalho reúne um conjunto de versões e alguns temas compostos por si. A leitura para "Hurt", dos NIN, que Cash considera "a melhor canção anti-droga" de todos os tempos, valeu-lhe várias nomeações para os Grammys e MTV Awards. O segredo parece ter sido, confessaria Cash, cantar como escape ao estado debilitado em que se encontrava, como se fosse "a última coisa que fazia".

A 12 de Setembro de 2003, dois dias depois de sair do hospital, onde estivera internado por complicações estomacais, Johnny Cash morreu. Para trás, ficou uma carreira única, à qual não faltaram um filme sobre a vida de Jesus ou um livro sobre o apóstolo São Paulo, e uma vida pessoal conturbada, marcada, nos derradeiros anos, por várias doenças degenerativas. Seguir o instinto e correr riscos eram os conselhos que dava aos mais novos. A herança artística, essa, é inestimável.


Fonte:
cotonete.clix.pt




»
Álbum: Man in Black: The Very Best Of
»Lançado em: 2002







»Lista de faixas:

Disco: 1
01.
Hey Porter
02.
Cry, Cry, Cry
03.
So Doggone Lonesome
04.
I Walk The Line
05.
Get Rhythm
06.
There You Go
07.
Ballad Of A Teenage Queen
08.
Big River
09.
Guess Things Happen That Way
10.
All Over Again
11.
Don't Take Your Guns To Town
12.
Five Feet High Anjd Rising
13.
The Rebel - Johnny Yuma
14.
Forty Shades Of Green
15.
Tennessee Flat - Top Box
16.
I Still Miss Someone
17.
Ring Of Fire
18.
Understand Your Man
19.
The Ballad Of Ira Hayes
20.
Were You There (When They Crucified My Lord (With The Carter Family)

Disco: 2
01.
It Ain't Me Babe (With June Carter Cash)
02.
Orange Blossom Special (With Charlie McCoy, Boots Randolph & The Carter Family)
03.
The One On The Right Is The One On The Left
04.
Jackson (With June Carter Cash)
05.
Folsom Prison Blues (Live)
06.
Daddy Sang Bass
07.
Girl From The North Country (With Bob Dylan)
08.
A Boy Named Sue (Live)
09.
If I Were A Carpenter
10.
Sunday Morning Comin' Down
11.
Flesh And Blood
12. Man In Black
13.
Ragged Old Flag
14.
One Piece At A Time
15.
(Ghost) Riders In The Sky
16.
Song Of The Patriot (With Marty Robbins)
17.
Highwayman (With Willie Melson, Waylon Jennings and Kris Kristofferson)
18.
The Night Hank Williams Came To Town (With Waylon Jennings)
19.
The Wanderer (With U2)
20.
Man In White

»Videoclip: Folsom Prison Blues



2 comments Blogger 2 Facebook

  1. grande malha mesmo. vejam também o filme Walk the Line para conhecerem um pouco da vida do homem.
    este album parece-me bastante completo.
    muito bom.

    ResponderEliminar
  2. Sim é verdade, conheci mais da vida do homem depois de ver o filme... Tem grandes malhas este senhor...

    ResponderEliminar

 

O Samarra © 2008-2022. Todos os direitos reservados.
Top