A PÁSCOA, para os cristãos, é a festividade mais importante do ano litúrgico, pois comemora-se a morte e ressurreição de Jesus Cristo. É a Passagem da morte para a vida, deixando-nos a certeza de que connosco também assim será.
Como festa móvel que é, o seu dia no calendário encontra-se, fazendo contas a partir da primeira lua cheia da Primavera. Esta norma foi estabelecida no Concílio de Niceia (325 d.C.), que fixou a data da Páscoa no primeiro domingo, após a primeira lua cheia. Já em Cesareia, em 195, se tinha decidido que seria celebrada sempre no domingo a seguir à Páscoa judaica. Quarenta e sete (47) dias antes, acontece a terça-feira de Carnaval e a seguir a este, a quarta-feira de Cinzas, em que a liturgia lembra ao homem que é pó e em pó se há de tornar e que abre a porta para a Quaresma. A Páscoa nunca pode ocorrer antes de 22 de março nem depois de 25 de abril. Se os cálculos ultrapassarem estes limites passa para o domingo anterior. A palavra Páscoa do hebraico Pêssah, significa passagem. A Páscoa/Passagem judaica, relembra aos judeus a libertação da opressão egípcia durante 400/430 anos, para a Terra Prometida, através do Mar Vermelho, sob a orientação de Moisés, ocorrida há mais de 3.250 anos. Essa libertação coincidiu com a Primavera, que ocorria no mês hebraico (nissan) que corresponde mais ou menos aos últimos dias de março e meados de abril e foi ali que eles celebraram a primeira Pêssah/ Passagem. Os antecedentes destes factos históricos, começaram, quando os irmãos de José, por inveja, o venderam a mercadores egípcios de escravos; mas como José, já no Egito, fez interpretações de sonhos, previsões e sugestões acertadas, que caíram bem no apreciar do Faraó, José foi nomeado chefe da casa do Faraó; Gn.41,40: "Tu mesmo serás o chefe da minha casa; todo o meu povo será governado por ti e somente pelo trono é que serei maior do que tu". Gn.41,41: E disse ainda a José: "Eis que te ponho à frente de todo o país do Egito". Gn.41,45: "O faraó cognominou José Safnat-Panéa e deu-lhe por mulher Assenat…". Esta foi a jovem que o tinha escondido do negociante de escravos, quando fugiu e a quem prometeu que jamais a esqueceria. Em face das dificuldades contínuas de sobrevivência, por que passavam os hebreus na sua terra, começa o êxodo/emigração destes para o Egito, começando pelo pai de José, Jacob(Israel) e toda a família. Ex.1,5: "Os descendentes de Jacob perfaziam um total de 70 pessoas". Ex 1,7: "Os filhos de Israel foram fecundos e multiplicaram-se; tornaram-se tão numerosos e poderosos que encheram o país". Ex,1,8: "Subiu então ao trono do Egito um novo rei que não conhecera José". Ex.1,11: "Impuseram-lhe então chefes de trabalhos forçados para o oprimirem com carregamentos". Começou a opressão sobre estes emigrantes, que lhes construíram as Pirâmides e os Grandes Templos, durante cerca de 400 anos. Quem não gostou do que estava a acontecer foi Deus, que encarregou Moisés e seu irmão Arão, para libertarem o seu povo e o conduzirem à Terra Prometida, como havia prometido aos seus pais, Abraão, Isaac e Jacob.
Moisés e o povo hebreu, já na outra margem celebrando a primeira Pêssah. (Fresco da Capela Sistina - Vaticano). |
Moisés e o povo hebreu, já na outra margem celebrando a primeira Pêssah. (Fresco da Capela Sistina - Vaticano).
"A cada geração, cada judeu deve se ver como se ele pessoalmente tivesse saído do Egito. Pois está escrito: "Você deverá contar aos seus filhos, neste dia, "Deus fez estes milagres para mim, quando eu saí do Egito".
A primeira páscoa judaica aconteceu por volta do ano 1.244 a.C. e, como recordação dessa libertação, foi instituído para todas as gerações o sacrifício da Páscoa.
Ora, convencer e conduzir milhares de hebreus com os seus parcos haveres, para fora do Egito e durante 40 anos pelo deserto, não seria tarefa fácil. Por diversas vezes, Moisés pediu ajuda a Deus, por que também estes, devido a toda a ordem de dificuldades por que estavam a passar, diziam-lhe, para nos fazeres morrer no deserto, mais valia não nos teres desafiado a sair do Egito. A caminhada e peregrinação, após 400 anos de opressão, durou 40 anos, até ao e no deserto do Sinai, para atingirem a liberdade.
Estamos no Monte Nebo, hoje território da Jordânia, onde Moisés se despediu do seu povo, pois o SENHOR não permitiu que ele entrasse na Terra Prometida, apenas a pôde vislumbrar ao longe. Dt.31,2: "Tenho 120 anos; já não posso andar de um lado para o outro. Além disso o SENHOR disse-me: Não atravessarás o Jordão". Passou o comando a Josué. Dt.31,23: Então, o Senhor ordenou a Josué. Filho de Nun: "Sê forte e valente! Porque tu é que vais introduzir os filhos de Israel na terra que lhes prometi com juramento; Eu estarei contigo".
40 dias passou Jesus no deserto. Mt.4,2: "Jejuou durante 40 dias e 40 noites e, por fim teve fome". Jejuando e rezando, passando por todas as privações e tentações do diabo, no deserto da Judeia. 40 são os dias da Quaresma, período de preparação para a Páscoa, que os cristãos procuram observar com recato em relação a outros dias. Após os dias que Jesus passou no deserto; no Domingo de Ramos desce em procissão, o Monte das Oliveiras, para Jerusalém, que fica do outro lado do vale, que divide as duas colinas, para que, voluntariamente, se cumprissem as Escrituras e começar o processo do Seu julgamento, que nós recordamos como a Semana Santa, que iria culminar na Sua condenação e crucificação na sexta-feira Santa pela manhã, expirando pelas 15h00; Em Jo.19,30: "Quando tomou o vinagre, Jesus disse: "Tudo está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito".
Também na aldeia se procura preparar a Quaresma com algumas manifestações exteriores de religiosidade, nomeadamente, à noite com a reza/canto do terço, em dois grupos, pelas ruas da aldeia, que tem início à porta da igreja, onde também termina e com uma curiosidade; esta caminhada faz-se em sentido contrário a todas as procissões.
Outrora, eram só rapazes solteiros que compunham os grupos, pois a aldeia chegou a ter mais de 700 pessoas, nos anos em que éramos garotos; hoje todos os que queiram participar são bem acolhidos, pois a aldeia já não terá 100 residentes. Esta manifestação de religiosidade termina na Torre Sineira, com a recitação, pelo caminho, das 14 Excelências a Maria; posto o qual todos recolhem a suas casas para o merecido repouso e com sentido do dever cumprido, refazendo os passos dos seus antepassados em tempos de antanho. Quando havia mais padres e como a aldeia tinha um pároco residente, aqui ocorriam todas as celebrações da Semana Santa, iniciadas com a procissão do Domingo de Ramos, em que todos procuravam levar o seu ramo de oliveira bem enfeitado, lembrando o percurso de Jesus ao descer o Monte das Oliveiras, a caminho de Jerusalém. Na quinta-feira Santa, do meio dia, até ao meio dia de sexta-feira Santa não se trabalhava e participava-se nas cerimónias religiosas.
No Domingo de Páscoa, após a missa, o culminar de todas estas celebrações, realiza-se a Procissão do Cristo Ressuscitado pelas ruas da aldeia, que na véspera foram atapetadas de rosas, folhas de hera e rosmaninhos; e os sinos que se tinham quedado mudos na Semana Santa, já anunciam a passagem do Cristo Ressuscitado.
Na aldeia, as festividades inerenres a esta quadra Pascal, encerravam-se na segunda-feira de Páscoa com o "Compasso" manifestação que anuncia a chegada de Cristo a casa de cada um, que também é conhecida como "tirar o Folar". Alelúia, Alelúia.
Os cristãos comemoram a Páscoa/Passagem, mas com um sentido diferente do dos judeus; Passagem sim, mas a que ocorre da morte para a Vida, com a Páscoa da Ressurreição de Jesus Cristo, no Domingo de Ressureição, o Domingo de Páscoa, dando assim sentido ao que, para além da morte natural, outra vida nos espera, como aconteceu com a morte e Ressureição de Jesus Cristo. Já Paulo nos diz em: 1Cor.
15,19: "E se nós temos esperança em Cristo apenas para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens". E diz-nos ainda Paulo em 1Cor.15,21: "Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem vem a ressurreição dos mortos".
Uma Santa Páscoa para todos, amigos e para os que lerem esta no blog "OSamarra".
Abril 2019 (74) Apaulos.
Obrigada Paulos, gostei de ler sobretudo porque me enriqueceu o conhecimento, pois em relação aos judeus não sabia mesmo, qual o significado desta quadra.
ResponderEliminarLinda mensagem de Pàscoa. É um texto maravilhoso que nos faz reflectir sobre a razão da celebração. De Florença com amizade. Fernanda Pereira.
ResponderEliminarAPaulos, Muito obrigado pelo texto tão rico. Saudações Pascais
ResponderEliminarQue maravilha de Boas Festas Pascais.Gostei muito e fico agradecida.Saudações com amizade.
ResponderEliminarOvos e Coelhos símbolos da Páscoa; porquê? Porque estão associados ao que é novo, a uma nova vida e à fertilidade. Continuação de boas festas com ovos, amêndoas e coelhos de Páscoa.
ResponderEliminarConfesso que sou (ignorante em muitas coisas), Obrigada pelos conhecimentos que aqui me proporcionou. Gostei muito do seu trabalho. Bem haja.
ResponderEliminarÉ preciso sermos alguém, para admitirmos, publicamente, que somos ignorantes nesta ou naquela área dos saberes.Esta Senhora Maria do Carmo, octogenária, transmontana, cheia de vida, é engenheira química e tia de um ex-primeiro ministro de Portugal. Bem haja D.Maria do Carmo pelo seu comentário.
ResponderEliminarEmpresas, escolas e grupos voluntários comprometem-se a fazer ações de limpeza, plantar árvores e cuidar do leito e margens do rio.
ResponderEliminarNÓS OFERECEMOS UMA POCILGA!
https://sicnoticias.pt/pais/2019-05-04-Lousada-oferece-incentivos-a-proprietarios-para-evitar-abate-de-arvores?fbclid=IwAR0z2CqS59QI4T7gjho2rTa4uqw6FzvCvQKS26FIxIhTZPwzQ67NpNW7iZo
Parece que quem oferece a pocilga, são as autoridades que não terão força para dizer a um dos maiores empregadores da região o que deve ou não deve ser feito, as populações que se lixem. E o Ministério do Ambiente! Claro que vão dizer que não sabiam que ali vivem pessoas cuja saúde e bem estar deve ser acautelado,Quando as águas chegarem e começarem a conspurcar o Côa, talvez acordem, mas ai já será tarde.
ResponderEliminarÉ disto que estamos à espera:
ResponderEliminarhttps://www.tsf.pt/portugal/sociedade/interior/ha-pesticidas-proibidos-em-aguas-subterraneas-portuguesas-10877980.html?fbclid=IwAR0WSjQjH7TUR7rpDLUZz1qIy2-9i9p00OBqFjNeQ5VlZdOUARAVMFIXGq0
Há um dito africano que diz: Se "queremos ir mais longe é preciso ir com outros"; sozinhos dificilmente vamos a lado algum, mas os Samarras sempre gostaram de andar sós, está no seu ADN!?!.
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