NASCEU O NOSSO MENINO – NATAL 2019

Diz o Papa: não importa como montar o presépio; o que conta é que fale à nossa vida. 2/12/2019.

Por baixo da Basílica da Natividade em Belém, situa-se a Gruta da Natividade e demais grutas, onde a tradição nos diz que nasceu o MENINO JESUS. Todos os dias às 12h00 se faz a procissão até à gruta. ( ap. 2016).

Desde os primórdios que o ser humano sente a necessidade de contar, cronologicamente, os dias, sente necessidade de saber às quantas anda. Assim, houve vários calendários ao longo dos milénios e os que tiveram mais aceitação e são usados até hoje, combinam ciência e religião e têm todos uma marca, um acontecimento especial, para a sua criação/datação. Os calendários para contarem o tempo milênios, antes da criação do Calendário Gregoriano, o que utilizamos até hoje, foram muitos e ainda existem alguns, embora estes convivam com aquele, para efeito de relacionamento internacional. Assim no calendário da Etiópia está-se em 2013 e, na Coreia do Norte, corre o ano 108 com o calendário Juche, que começou em 1912, ano Gregoriano, ano em que nasceu o político Kim II-Sung, considerado um deus! A contagem dos anos do calendário judaico, começa no dia da criação do homem. Segundo a Torá, Deus criou o mundo em 7 dias, sendo que no sexto dia ele criou o homem. Ao longo do texto da Torá, conta-se a história de algumas pessoas deixando claro com que idade nasceram os seus filhos. Somando-se assim as idades de cada nascimento até uma data já conhecida se determinou a idade do mundo. Assim sendo, estão agora no ano 5780. É um calendário lunissolar tal como o chinês.                                                                                                                     
O calendário chinês é lunissolar, ou seja, segue os ciclos do sol e da lua. Começou durante o governo do imperador Huang Di, entre 2697 a.C. a 2597 a.C. Neste calendário Chinês estão no ano 4717, o ano do porco.                                                                 

Os Maias utilizavam a combinação ciclo solar-deuses, para marcar o tempo milênios, antes da criação do Calendário Gregoriano, e é um dos mais antigos O calendário Islâmico está no ano 1441, também é conhecido como calendário hegírico, por ter seu marco inicial na Hégira, a fuga do profeta Maomé da cidade de Meca para Medina, no ano de 622 d.C. É um calendário lunar e os muçulmanos  ortodoxos celebram datas religiosas e festivas, como mês do Ramadã ou o Ano Novo Islâmico, de acordo com este calendário.

Chegámos ao Calendário Gregoriano com 2019 anos. Este calendário foi criado pelo Papa Gregório XIII, em fevereiro de 1582, com base no calendário romano estabelecido por Caio Júlio César, em 46 a.C., logo adotado em Portugal, Espanha e Itália.                                                                                     

O marco inicial é o nascimento de Jesus Cristo, no ano 0 a.C., e tem em conta o ciclo solar, aqui temos a MARCA importante do nascimento do nosso MENINO, a datar e a orientar todo o mundo, consagrando a data do SEU nascimento. Os russos só em 1918, os gregos em 1923 e os turcos 1926, é que adotaram este calendário. Se há países, poucos, que tenham o seu calendário, para as relações internacionais, todos adotam este.

Agora que passámos os olhos pela CALENDARIZAÇÃO HISTÓRICA do tempo e milénios, antes do nascimento do nosso MENINO, que aqui deixou e mantém a SUA MARCA, viremo-nos ara o Presépio; e quem melhor para nos falar do Presépio, que o nosso “ Papa Francisco”, que o faz na Carta Apostólica sobre o Presépio em 2 dezembro 2019 com o título de “Admirável Sinal”.  (alguns excertos);

 “Com esta Carta, quero apoiar a tradição bonita das nossas famílias de prepararem o presépio, nos dias que antecedem o Natal, e o costume de o armarem nos lugares de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nos estabelecimentos prisionais, nas praças…”, escreveu o Pontífice.

Presépio Samarra 

A palavra presépio do latim “praesepium”, que significa “manjedoura”. Quinze dias antes do Natal, São Francisco de Assis chamou João, um homem daquela terra, para lhe pedir que o ajudasse a concretizar um desejo: “Quero representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os olhos do corpo os incómodos que Ele padeceu”. E assim foi: no dia 25 de dezembro de 1223, chegaram a Greccio muitos frades, e homens e mulheres das casas da região, trazendo flores e tochas para iluminar aquela noite santa num lugar designado. Francisco, ao chegar, encontrou a manjedoura com palha, o boi e o burro.

“Assim nasce a nossa tradição: todos à volta da gruta e repletos de alegria, sem qualquer distância entre o acontecimento que se realiza e as pessoas que participam no mistério”. 

 “O presépio é um convite a ‘sentir’, a ‘tocar’ a pobreza que escolheu, para Si mesmo, o Filho de Deus na sua encarnação, tornando-se assim, implicitamente, um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento”.

A mensagem que surge do presépio é clara: “não podemos deixar-nos iludir pela riqueza e por tantas propostas efêmeras de felicidade”. “Jesus nasceu pobre, levou uma vida simples, para nos ensinar a identificar e a viver do essencial”, afirmou o Santo Padre.

Nascendo no presépio, escreveu o Pontífice, Deus dá início à única verdadeira revolução: a revolução do amor e da ternura, através da “força meiga” de um menino. Jesus proclama um mundo mais humano e fraterno, onde as pessoas não sejam excluídas e marginalizado.

Deste modo, o presépio se torna para os fiéis um convite a se tornar discípulos de Cristo, a refletir sobre a responsabilidade de evangelizar e ser portador da Boa Nova com ações concretas de misericórdia, incentivou Francisco. E continua o Papa, Ao entrar neste mundo, o Filho de Deus encontra lugar onde os animais vão comer. A palha torna-se a primeira enxerga para Aquele que Se há de revelar como «o pão vivo, o que desceu do céu» (Jo6, 51).

Também para muitos de nós, “Samarras”, a primeira enxerga foi enchida com palha e muitos, sobretudo nas famílias mais numerosas, partilharam o espaço dos animais durante as longas noites de inverno!... Pois é, tudo isto se vai olvidando, mas se ainda tens avós, podes confirmar estes fatos, o que que não te deve deixar envergonhado, pois o Menino Deus também viveu esta realidade.

Um Santo Natal para todos os “Samarras” e para os amigos que lerem esta prosa.

Natal 2019  -  A. Paulos