Com a 25ª Feira das Tradições e Atividades Económicas, a ocorrer de 21 a 23 de fevereiro de 2020, vai o Município de Pinhel celebrar estes 25 anos e dar início às comemorações dos 250 anos da elevação de Pinhel a cidade, em 25 agosto 1770, relembrar os 250 anos em que também foi criada a diocese de Pinhel e festejar o título nacional que a autarquia conquistou “Pinhel – Cidade do Vinho 2020”. Como vemos, motivos para relembranças e comemorações são muitos e fortes e de certo, que, vão ser bem explorados e sucedidos, no decorrer do ano. Como referiu o Presidente da autarquia, Rui Ventura, 2020, é um ano muito importante para a nossa cidade e concelho.


Pelourinho da Cidade-Falcão e antiga Sé da Diocese de Pinhel


A Paróquia de Pinhel também se associa às comemorações, como o refere o pároco Pe. Jorge Castela, que coincidem com os 250 anos da criação da diocese de Pinhel, o que levou a que esta fosse elevada a cidade. O pedido da criação da Diocese Pombalina de Pinhel, foi feito pelo Rei D. José em 3.4.1770, ao Papa Clemente XIV, que a viria a criar por bula 21/6/1770 e 112 anos após, em 30/9/1881 foi extinta por bula do Papa Leão XIII. Não existe em termos religiosos, mas possui um bispo titular.                                                                                                                          
Como esta vertente, será a menos conhecida dos leitores do Blog “O Samarra”, vamos dedicar uma parte desta crónica a referências a esta.




A atual igreja de São Luís, Igreja Matriz de Pinhel, edificada no século XVI, como capela do antigo convento das Clarissas de S. Francisco, fundado por Luís de Figueiredo Falcão, era a Sé Catedral de Pinhel.




Este edifício, hoje, Casa da Cultura, foi o antigo Paço Episcopal. Aqui, estiveram instalados vários Regimentos e Batalhões Militares, a GNR, a Polícia e serviu ainda a múltiplas utilizações

O argumento de que as dioceses de Viseu e Lamego, eram muito extensas, foi o mote utilizado pelo Marques de Pombal, através do Rei D. José, para pedirem ao Papa a criação desta diocese. Ambas as dioceses cederiam à nova diocese de Pinhel, as zonas fronteiriças: os arciprestados de Pinhel, Trancoso e Castelo Mendo, que pertenciam à diocese de Viseu num total de 92 paróquias e a diocese de Lamego cederia as paróquias de entre Côa e Távora e as de Riba Côa, num total de 133 paróquias, pelo que a nova diocese ficou com 225 paróquias. No mesmo pedido do Rei, também incluía a criação das dioceses Pombalinas de Castelo-Branco e de Penafiel. Ao ser extinta em 1881 a diocese de Pinhel, foi incorporada na diocese da Guarda.
Observa o Prof. D. Manuel Clemente (que foi Bispo titular de Pinhel, e auxiliar do Patriarcado e mais tarde bispo do Porto) e desde 18.5.2013 atual Cardeal Patriarca de Lisboa, as razões que levaram Pombal a criar estas novas dioceses não foram apenas de reordenamento territorial, mas tiveram que ver com a luta travada contra a grande nobreza e com a absolutização e ilustração de todo o poder, inclusive o eclesiástico. Aos bispos de alta extração nobiliárquica preferirá o Marquês, bispos universitários ou ilustrados, como ele próprio dirá, na instrução ao Embaixador em Roma, pretendia-se com as novas dioceses «não apenas reduzir as dioceses a territórios justos e competentes», mas não fazer «nomeações pelas árvores genealógicas dos nomeados, mas sim pelas virtudes e pelas letras deles». Primeiro Bispo e alterações dos limites da diocese Criada pelo Decreto da Congregação Consistorial de 21 de junho de 1770, cujo Breve foi expedido, porém apenas a 10 de julho do mesmo ano, quando as respetivas taxas deram entrada. MANUEL CLEMENTE, «Das prelaturas políticas às prelaturas pastorais: o caso de Pinhel», in Lusitânia Sacra, 2.a Série, 8/9 (1996-1997) 27-34..
«Carta Régia para Clemente XIV, impetrando a erecção do Bispado de Pinhel (4.3.1770), in P. ANTÓNIO BRÁSIO, «Três dioceses pombalinas. Castelo Branco- -Penafiel-Pinhel», in Lusitânia Sacra, III (1958) l.a Série, 165-233, p. 209. 3 «Carta Instrutiva para Francisco de Almada de Mendonça a impetrar de Clemente XIV a erecção do Bispado de Pinhel (5.3.1770), in ANTÓNIO BRÁSIO, op. cit., p. 210. XXX (2000) DIDASKALIA 3-31 4 DIDASKALIA.
Lista dos bispos de Pinhel:                                                                                                            
D. Frei João Rafael de Mendonça, 7.8. 1770 - 1771, que não chegou a tomar posse                      
D. Cristóvão de Almeida Soares, 1772 – 1782                                                                             
D. José António Pinto de Mendonça Arrais, 1782 – 1797                                                           
D. Bernardo Bernardino Beltrão,1797 – 1828                                                                              
D. Leonardo de Sousa Brandão, 1832 – 1838, que foi o último bispo da diocese de Pinhel e já teve problemas com as autoridades do governo, tendo-se refugiado e veio a falecer 19.4.1833 em casa de um irmão  Dâmaso de Sousa Brandão. Em 5 .8.1833, D. Pedro declara, por decreto, vaga a diocese de Pinhel, passando a ser gerida por um Vigário Geral, que passaram a ser nomeados pelo Arcebispo de Braga e o mais ilustre terá sido o Dr. António Mendes Belo, 1874 – 1881, futuro bispo do Algarve e que veio a ser Cardeal Patriarca de Lisboa de 19.12.1907 – 5.8.1929.
De entre os vários bispos titulares de Pinhel, de 1969-1996 (3) todos estrageiros, temos o D. Manuel José Macário do Nascimento Clemente (1999 – 2007), bispo auxiliar de Lisboa, depois bispo do Porto e atual Cardeal Patriarca de Lisboa. Guillermo Martín Abanto Guzmán desde 2007, bispo auxiliar de Lima, Peru.                                                        
“A DIOCESE POMBALINA DE PINHEL, durou 112 anos e após a sua extinção, foi incorporada na diocese da Guarda, que passou a ser a terceira maior do país em paróquias (357) e a quinta em número de paroquianos (287.771). Criada com desígnios mais políticos do que pastorais, e suprimida também mais por motivos políticos que eclesiais. A sua vida atribulada foi atravessada pelas maiores convulsões civis e eclesiásticas do dealbar da modernidade em Portugal, designadamente as guerras peninsulares, a instauração do liberalismo, a guerra civil, e o cisma religioso, para já não falar das revoltas políticas e sociais dos primeiros tempos do liberalismo.  –( Prof. Dr. Manuel Braga da Cruz).”
O pároco da cidade de Pinhel, Pe. Jorge Castela, referiu que faz parte das comemorações, dos 250 anos da criação da Diocese Pombalina de Pinhel, entretanto extinta, uma celebração que engloba todo o arciprestado e que será presidida pelo Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, um dos últimos bispos titulares da Diocese de Pinhel.                                                                      
Mas como o Município de Pinhel, não é só a cidade de Pinhel, à data de há 250 anos, por esta altura, numa das suas freguesias, em Santa Eufêmia, no ano de 1740, um ilustre Ermitão da Ermida da Nossa Senhora das Fontes, de seu nome, Irmão Manoel de São José, solicitava ao bispo de Viseu D. Luís Godinho, a cuja diocese pertenciam estes territórios,  autorização, para substituir a humilde e singela capelinha,  que nesta Ermida, dava guarida  à “SENHORA”, visto que, dada a sua localização, junto da linha de água,  nos dias de enxurrada era alagada e de diminuta dimensão, já não servia aos intentos dos romeiros que vinham deixarem os seus pedidos e agradecerem à Virgem as graças recebidas. Decide erguer uma “casa” condigna para a “SENHORA” e o seu bispo mostrou-lhe toda a abertura e transmitiu-lhe alento e coragem, para tão grande iniciativa. Trinta anos após, em 8/9/1771 já com a imagem da “SENHORA” trasladada da velha capelinha, a sua festa aniversária, já pôde ser celebrada no novo Templo e o santo Ermitão, via, assim o seu sonho e seus esforços concretizados e hoje descansa junto da Senhora das Fontes no belíssimo Templo que lhe mandou erigir. Temos então, que em 8 setembro 2021, temos mais um motivo, para o Município de PINHEL e SANTA EUFÊMIA, celebrarem mais um acontecimento memorável, os 250 ANOS da “ ERMIDA DE NOSSA SENHORA DAS FONTES” que, é o Santuário Mariano do Concelho de Pinhel e da região, com o historial mais rico.                                                                                                              
Os principais protagonistas deste rico historial, foram os Abades Bernardos da Ordem de Cister do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, que na Idade Média, desde cerca de 1203 tanto fizeram por esta região, mas sobretudo por Santa Eufêmia, a quem se deve a organização da terra como freguesia, aos Fidalgos de Santa Eufêmia, que desde cerca de 1540, deram continuidade aos intentos daqueles, bem como aos Ermitães desde 1740, que receberam dos Fidalgos a missão de dar continuidade aos atos  de benemerência, que ali se vinham praticando e de cuidarem da “SENHORA”, onde se mantiveram até cerca de 1930. O Bispo de Pinhel, D. Bernardo Bernardino Beltrão, 23/3/1797 a 19/7/1828, tinha um quarto reservado nesta Ermida e passou ali vários períodos. Pertencia à família dos Fidalgos de Santa Eufêmia.
A terra que há 50 anos me acolheu, Oeiras, tem uma igreja matriz que este ano de 2020, celebra os 275 anos da sua edificação e dedicação a Nossa Senhora da Purificação e que se encontra em obras de conservação e restauro, sendo o seu orçamento de 624.370,46 Euros e foi assumido na integra pelo Município; eu sei que estamos a falar de realidades diferentes e coisas que não são comparáveis, mas!….                                                                                    
Seria bom que os Abades, os Fidalgos e Ermitães e todos quantos têm dedicado os seus esforços para manter este santuário, vissem os seus legados reconhecidos, por todos os Romeiros, pelos Santa Eufemenses, pelos Srs, Bispos das dioceses da Guarda e de Viseu, pois este ainda há 2 anos presidiu às festas da “SENHORA”, enquanto representante do bispo da Guarda, pois nela tem as suas origens e sei que aprecia este santuário, bem como as entidades civis da região, nomeadamente o nosso Presidente do Município.                                                                                                                      
Ah! Neste ano de comemorações, lembrem-se de guardarem, ALGUMAS VONTADES E ESFORÇOS, para a comemoração condigna destes 250 ANOS, deixando nesta, ” ERMIDA DA SENHORA DAS FONTES”, GRAVADOS OS NOMES DA VOSSA PRESENÇA E GENEROSIDADE.
Fevereiro 2020 (75)                                                                                                                  
A.Paulos

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  1. Nesta prosa de Comemorações e Homenagens, o autor deixa aqui, vários recados, que estes não caiam em saco roto. Saudações Samarras.

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  2. Em 1758, os párocos de Pinhel referenciavam a freira, Violante da Cruz, como a pessoa mais distinta da vila e que veio a morrer no Mosteiro de Lorvão.
    Como na Sé de Pinhel não existiu corporação capitular, a Diocese regia-se pelas constituições do bispado de Lamego.
    . (T.T. - José Marques).

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  3. No discurso de abertura da "FTAE de PINHEL" em 21/02/2020,pelas 19h00, após a bonita interpretação do Hino Nacional, por uma jovem e de dois músicos, o Sr. Presidente da Autarquia, RUI VENTURA, na presença da Sra. Ministra da Coesão Territorial, Professora Doutora ANA ABRUNHOSA e autarcas de concelhos vizinhos, bem como de Espanha e perante uma ampla plateia; foi agradável verificar, que as primeiras palavras que proferiu, foram para os autarcas seus pares e para os presidentes de Junta das Freguesias do concelho, a quem, publicamente, agradeceu a dedicação e o esforço destas mulheres e homens à causa comum. A seu pedido subiram todos ao palco e ali permaneceram até ao encerramento da sessão. De seguida cumprimentou e agradeceu a presença, mais uma vez, da Sra. Ministra e dos autarcas dos concelhos vizinhos e de um autarca de Espanha também presente. Ao usar da palavra, a Sra. Ministra prometeu apoio a todas as iniciativas que visem o desenvolvimento do interior. Partiram o bolo de aniversário, que empurraram com o bom vinho de Pinhel, como referiu a Sra. Ministra e seguiu-se a visita aos muitos stands da feira. Ao ter a oportunidade de cumprimentar e felicitar o Sr. Presidente e a Sra. Ministra, não deixei de lhes lembrar, que para o ano também o Santuário da SENHORA das FONTES, celebra os 250 Anos.Parabéns a todos quantos se empenham na realização destes eventos e este ano, a autarquia, tem muitos motivos para celebrar. Apaulos.

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  4. È assim mesmo, quando pode não deixa os assuntos por mãos alheias. Alguém na feira o postou o facebook, ele não foi pois já nos disse que não tem. Metam aqui, se possível, afoto dele a cumprimentar o Presidente e a Ministra. Boas Samarras.

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