A Cruz cristã é o símbolo religioso do cristianismo e aqui temos a representação da morte de Cristo na Cruz, ladeado por dois malfeitores, que haviam sido condenados. A morte na cruz era considerada a mais horrenda e vergonhosa e era pública, para prevenir e avisar aqueles que assistiam à crucificação, da consequência de cometer crimes.


O crime de Jesus, foi a incompreensão de uns, a inveja e o receio da perda de privilégios de outros.                                                                                                                               

Os judeus que esperavam um Messias forte e guerreiro, ficaram desacorçoados quando viram “Aquele”, que se dizia ser o Messias, ser condenado à morte e morte na cruz. Cícero descrevia a crucificação como “a mais cruel e detestável punição”, "pregar um cidadão romano é um crime, açoitá-lo é uma abominação, matá-lo é quase um ato de vil: crucificá-lo é -- o quê? Não existe uma palavra capaz de descrever tão horrível ato".

A pregação da Sua doutrina por são Paulo, custou-lhe muitos dissabores, precisamente por Paulo, ensinar a doutrina de quem se deixou condenar à morte e logo morte de cruz; o que era um “escândalo” para os judeus, que esperavam um Messias, supostamente, forte e guerreiro e uma “loucura” para os pagãos, que ele procurava converter nas populosas cidades do Oriente Médio, Grécia e parte da Turquia.                                                          

Mas Ele quis personificar na Cruz, a dor de todos pelos quais sofreu, para salvar a todos, os que seguissem os seus ensinamentos. Tome a sua cruz e siga-me.

A Fé dos homens bem expressa na CRUZ, nas duas fotos que seguem, nos momentos de maior aflição e em datas e lugares tão distantes, mas os mesmos motivos, o horror da guerra, e os homens de Fé pedem proteção ao Senhor na Cruz.


O Cristo das Trincheiras: o cruzeiro, na guerra 1914/1918, no caminho que ligava a povoação Neuve-Chapelle a La Couture, só este Cristo, no meio de uma destruição brutal,  transformada em escombros e repleta de cadáveres, cerca de 7.500 portugueses, só Ele com as pernas decepadas, uma mão arrancada e o peito perfurado, se encontrava de pé; foi a imagem com que a 9 de Abril de1918, após horas de intenso tiroteio se confrontaram os soldados portugueses que combatiam na Bélgica- Flandres, junto à ribeira de La Lys. Hoje e desde 1958, O Cristo das Trincheiras encontra-se no Mosteiro da Batalha, na Casa do Capítulo, após a cedência do Governo francês e encima o túmulo do Soldado Desconhecido, composto pelos túmulos de dois militares (um morto na Flandres, na primeira G.G. e o outro na África Portuguesa, na Guerra do Ultramar.   Desde março de 2022, por via da invasão da Ucrânia pela Rússia, a imagem do Cristo de Leviv, a ser guardada num bunker, para escapar aos horrores da guerra.


                                                                                                                       
Passados mais de 100 anos, a mesma Cruz o mesmo Cristo e a Fé dos Homens no Cristo da Cruz.
Santa Eufêmia, a aldeia Samarra no concelho de Pinhel, em tempos, teve uma Cruz à entrada de todos os caminhos que davam acesso à povoação, mas como eram de madeira, o tempo acabou por se encarregar de as degradar e destruir. Ainda nos lembramos de uma, mas de pedra, à entrada do Santuário da Senhora das Fontes, pelo lado nascente, mas esta deve ter sido destruída, quando alargaram o caminho e  alcatroaram a estrada. Existem ainda duas outras; uma no início da avenida da Senhora das Fontes, esquina com a Rua dos Emigrantes e outra junto do “cemitério novo”, onde os cortejos fúnebres paravam sempre, para rezarem uma oração pelo defunto que se despedia da aldeia e para os carregadores descansarem antes de iniciarem a ingreme e difícil subida até ao alto da colina no “cemitério velho”. De há cerca de um ano a esta data, os carros fúnebres já conseguem chegar ao dito cemitério. Hoje, além das duas de pedra, existem mais três, feitas de ferro e feitas sobre promessa de agradecimento pelo ti Jaime Silva, por não ter sido atingido por um disparo feito contra ele, num desentendimento, pelo seu beligerante, ti Francisco Rodrigues (Chico Rodrigues) e que atingiu o regedor ti Abraão Silva, seu pai, mas sem gravidade. A promessa, que supostamente, era de substituir todas as que foram de madeira, cerca de 10, ficou por estas 3, que se encontram uma ao funo do povo, outra à entrada do caminho das Cerdeirinhas e a terceira junto do Pavilhão Gimnodesportivo, pois o ferro que lhe havia sido disponibilizado pelo conterrâneo, ti José Maria Carvalho, era dos carris das minas e também este, entretanto, já tinha sido vendido. O artista que executou o trabalho foi o ti José Serralheiro de Pinhel e ainda entre nós. Para que estes fatos não pareçam fábulas, desta vez, demos nomes aos seus intervenientes, pois ainda estão entre nós alguns presenciadores, destes fatos. Desconhece-se qual o motivo, qual a promessa, por que há centenas de anos, as de madeira, ali tivessem sido colocadas, mas uma coisa é certa a CRUZ, sempre foi respeitada pela gente SAMARRA e os homens sempre que passavam junto dos cruzeiros levantavam o chapéu em sinal de respeito.                                    

Uma Santa Páscoa para todos os Samarras e para os que lerem esta no Blog.                                             

Abril 2023 (blog 92) 

Apaulos.


9 comments Blogger 9 Facebook

  1. Mais uma bela prosa Pascal em que se enaltece a Cruz, que os Samarras sempre respeitaram e o revelar de um episódio que era de poucos conhecidos e que se perderia para sempre, pois também destes fatos se fez/faz a história desta aldeia Samarra. Bem-haja Apaulos pelo seu empenho e em revelar coisas do passado dos nossos maiores e onde, nós temos as raízes do nosso ADN. Uma Santa Páscoa para todos.

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  2. Jose Ferreira
    seg., 3 de abr., 09:32 (há 1 dia)
    para mim

    Sempre a surpreender-nos, António!
    Obrigado por este precioso texto sobre a Cruz e muito especialmente pela origem das cruzes de ferro postadas em pontos de passagem obrigatória, e que eu, como muitos outros certamente, desconhecia.
    Votos de Páscoa Feliz.

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  3. Freire JOSÉ VEIGA FREIRE

    Muito obrigado pela tua generosa partilha desta brilhante prosa. Para ti e família votos de uma Santa Páscoa

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  4. Mais uma história verídica que este Samarra nos traz à luz do dia e que demonstra que o relacionamento entre os conterraneos nem sempre foi pacifico bem-haja sr. Apaulos

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  5. Maria Madalena Andrade
    ter., 4 de abr., 17:30 (há 9 dias)
    para mim

    Queridos amigos,
    Gostei muito de ler!
    Desejamos igualmente uma Santa Páscoa e todas as bênçãos da Cruz!
    Um abraço com amizade,
    Madalena e Leonel

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  6. Continue Sr. Apaulos a revelar-nos pequenos/grandes segredos, das suas pesquisas, para assim conhecermos melhor a história do chão do nosso ADN. Obrigada.

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  7. O cruzeiro que se encontrava no caminho, à entrada do Santuário da Senhora das Fontes vai ser recuperado e com o seu suporte original, pois com referi numa prosa eu sabia quem o guardou e onde e agora vai ocupar o seu lugar, servir de suporte à CRUZ, agora renovada dado que a primitiva foi destruída. O conterrâneo e amigo da Senhora das Fontes, foi o José Carapito quem guardou o suporte de base e agora os seus herdeiros fazem a entrega para que possa suportar o novo cruzeiro. A todos, os Samarras agradecem a preservação do património.

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  8. PARABÉNS, é assim que se vai recuperando o que nos legaram e que devemos proteger para os vindouros, fazendo da aldeia Samarra uma povoação com um património único na região. Bem-haja a todos os que se interessam pelo lindo Santuário.

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