Artista:(1922-12-08 Silva Porto (1850 - 1893), Colheita-Ceifeiras (1893).

Período:
Pertencente à segunda metade do séc. XIX, e quase no séc. XX, esta pintura está entre o Realismo e o Naturalismo português. Numa época em que a revolução industrial se espalhava pelo mundo, em Portugal começava a sentir-se os primeiros sopros daquilo a que se viria a transformar em ventos de mudança artística (sabemos que em Portugal tudo chega com um pequeno “delay”). Silva Porto estuda no Porto e vai estagiar em França e depois Itália. Regressa a Portugal onde vai ensinar para Lisboa pintura de paisagem. É um dos fundadores do Naturalismo. Como já disse, o pintor encontra-se entre o Naturalismo e o Realismo, estilos que definem muito bem as formas que são pintadas, assumindo a forma e a proporção e examinando o detalhe de uma maneira quase obcessiva. Esta observação minunciosa é fruto de uma vontade de evasão provocado pelo emergente e abusivo domínio da máquina e da indústria, por cujas mãos surge o capitalismo. Está portanto ligado a ideias socialistas e comunistas que se opõem a este recente choque tecnológico. Silva Porto destaca-se em Portugal, como Millet em França, ou Daumier ou Rosa Bonheur.

Tema:
Esta obra tem um carácter claramente realista. Representa a natureza com extremo detalhe e exprime também uma natureza de carácter social. Mostra uma vida dura em que as asperezas não são poupadas. O olhar da mulher em primeiro plano transmite talvez uma conformação cansada, uma rendição a uma vida de trabalhos. Não mostra a infelicidade, nem a miséria, mas um peso eterno que a postura da segunda mulher dá a notar, mais as cores escuras das suas vestes, reforçado pelos campos infinitos que se estendem nas suas costas. A crítica social é óbvia, mostrando uma classe que é porventura desfavorecida em relação à recentemente emergente burguesia capitalista.

Parece o Alentejo. As cores de vegetação seca e a luz forte dão a sensação de que o dia está quente ou a aquecer, e que o fim do dia de trabalho está longe. Apresenta uma clara semelhança com as “Respigadoras” de Millet.

Fonte:
realismoarte.blogspot.com



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