Num poema de Manuel Bandeira, poeta brasileiro, podemos ler:
“PEDRA”:
o distraído, nela tropeçou. O bruto, a usou para agredir. O construtor,
usou-a no prédio que levantou. O camponês, cansado da lida, fez dela
banco. Já
David, matou Golias com ela, e Miguel Ângelo, fez dela a mais bela
escultura. Em todos esses casos, a
diferença não esteve na pedra, mas no homem que a usou!“
Nas
pedras graníticas,
que os Ermitães do Santuário da Senhora das Fontes usaram, gravaram ” eras”,
que hoje nos permitem acompanhar a construção da obra que nos deixaram e
verificamos que eles foram construindo à medida que os donativos eram
recolhidos e assim quando chegaram a altura de inaugurarem o seu legado, não tiveram
o constrangimento de terem os credores a roeram-lhe os calcanhares; embora eles
estivessem roídos, mas pelos seixos dos caminhos das aldeias e quintas que
percorriam à procura dos donativos para a sua obra, desde Foz Côa até às terras
da raia; As pedras, aqui, ajudam-nos
a ler a sua história.
Então
podemos ler as seguintes “eras”:
Na Capela Principal a casa “Da SENHORA das FONTES ”01.06. 1771, a data da licença para a sua bênção e dedicação; 1826, nos umbrais das duas capelas, defronte da capela-mor; 1786 e 1853 nos portais do ermitério que dão para a cerca velha e 10.03.1877 no portal, no interior do ermitério, junto das escadas que davam acesso ao primeiro andar e ainda neste, na umbreira da janela, que fica junto do lado direito da capela-mor 1787 , as únicas paredes que ainda estão em pé.
O cruzeiro que que fica entre as duas capelas
com a era de 1805, assinala o local onde se terá localizado a primitiva
Ermida, que era pequena, modesta e por se localizar junto da linha de água e
que nas enxurradas de inverno era inundada pelas águas do ribeiro, mas era a
casa da SENHORA, que em 1771 foi transladada para a atual Capela- Mor a
Sua Casa, agora condigna, que levou 30 anos a ser edificada.
O
cruzeiro a cerca de 200m, que ficava no fim da ala de cedros e que hoje a
procissão contorna para voltar ao Santuário, também está datado, mas a sua “era”
é o desafio para cada um descobrir e se quiserem, escreverem-na em comentários.
Testemunhos
de inegável verdade e que nos ajudam a compreender que o plano do Ermitão
Manoel de S. José e seus parceiros foi elaborado e executado à medida que os
donativos iam chegando e como os romeiros viam obra feita continuavam a apoiar
os ermitães, onde se mantiveram, na pessoa do Ermitão António das Chagas até
à década de 1930.
E
as Pedras Graníticas Samarras, que
os construtores dataram, nesta ERMIDA, que os Ermitães elevaram a SANTUÁRIO;
quando já, a nossa memória, visual ou cognitiva se olvidam, elas aí estão para
nos recordarem o que aos poucos vamos esquecendo e para nos ajudarem a lermos
a história deste nosso chão.
Estes
escritos nas pedras ajudam-nos a verificar quem o fez; se os Abades, Fidalgos ou
Ermitães.
Assim a cada tempo, temos tido gente que tem olhado
para este património, quer sejam: As Comissões da Fábrica da Igreja, as diversas
mordomias, apoiadas pelos priores, uns mais outros nem por isso, quer e
sobretudo, ultimamente o nosso Diácono José Tenreiro e Delfim Pascoal, como
membros da Comissão da Fábrica da Igreja. Agora, foi afixada a placa com data da
comemoração dos 250 anos, da inauguração
e dedicação da Capela-Mor a Nossa Senhora das Fontes. A recolocação da cisterna
que leva uns milhares de litros de água (30/40!), agora no seu lugar definitivo
e pronta a receber a água da Tapada dos Canos ou de outra proveniência, pois o
nome do Santuário faz jus à água e ela com mais ou menos intensidade brota todo
o ano. Na sua recolocação colaborou o conterrâneo Joaquim Dias com o seu
equipamento. Agora, desde que a mantenham cheia, haverá sempre água para
qualquer necessidade ou emergência.
As
palavras ditas ouvem-se e … , as palavras (“eras”) escritas veem-se : Pe.
António Vieira.
BEM-HAJA A TODOS OS SAMARRAS QUE MANTÊM O NOSSO CHÂO VIVO.
Outubro
2024- (no Blog: osamarra)
Apaulos
Elas não mentem e são o tira teimas, para quem queira deturpar a história do nosso património. bem-haja sr. Apaulos por encontrar coisas que poucos descobrem.
ResponderEliminar"Cruzeiro a cerca de 200m." (ala de cedros ) - Salvo erro, assinala a comemoração do 1º Centenário do "dogma da Imaculada Conceição de Maria, Virgem Mãe de Jesus. Terá, pois, a data de1954. - Para um melhor enquadramento, é atribuído a Sto. André o 1º testemunho da Imaculada Conceição de Maria. Atenda-se à imagem de Sto. André , presente na atual Igreja Paroquial de Sta. Eufêmia. É provável que a anterior Igreja paroquial tivesse como patrono / padroeiro Sto. André.
ResponderEliminarOlá António,
ResponderEliminarObrigado pelo teu continuado esforço de pesquisa e divulgação destes temas de inegável interesse cultural, para os Samarras e não só.
Abraço
Abel
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarA sua "era" é de difÍcil interpretaçao, mas terá seguramente mais de 200 anos
ResponderEliminarClarificação do comentário "cruzeiro do centenário" : nele repeti a expressão " Maria, Mãe de Deus". Tal título honorífico de santidade pode ser ambivalente, e ser-lhe atribuída a "deificação" ( deusa ). Tendo sido ela uma mulher - mãe na "Incarnação do "Filho Unigénito de Deus", Maria viveu como um ser humano normal, no silêncio perante a misteriosa missão divina de seu Filho, com muita fé e presença de amor até à Sua morte, mas também após a Sua ressurreição e aparições aos seus discípulos. Assim, este comentário não anula a dupla natureza de Jesus: divina e humana.
ResponderEliminarDIVINA E HUMANA: Sobre a dupla natureza de Jesus; Divina e Humana; ver a intervenção de Santa Eufêmia, no Concílio Ecuménico de Calcedónia em 8/10 a 1/11/451, quando os Padres Conciliares, resolveram submeter o escrutino ao Espírito Santo, através da sua ajuda. Descrição na Crónica : SANTA EUFÊMIA, AS SUAS ERMIDAS; CRUZEIROS E CRUZES; neste blog Setembro 2014 (43). Saudações Samarras 2024 ap.
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