As fotos do Samarra de Março e Julho de 2014 nas terras do Carvalhal de 2014.07.01 (Antes/Depois) no Blog e o romance de Aquilino Ribeiro (Volfrâmio) de 1944, de certa maneira, deram o mote a esta crónica. Diz-nos a Sagrada Escritura deste domingo 2014.07.13, que “A sorte da semente depende da terra onde cai” (Mateus 13, 1-9).
Que bem se enquadrariam estas fotos na crónica “Da Decrua às Malhasem Terras Samarras” de 2013.11.27, pois, estou certo que elas tornariama crónica mais entendível aqueles que não viveram nem viram o celeiro que foram as terras do Carvalhal, Paúl e seus termos, pois eram elas que enchiam as arcas Samarras de centeio e trigo e ajudariam a entender asatisfação do camponês Samarra, quando, ao domingo depois da missa ia dar uma volta e apreciar a evolução e desenvolvimento da semente por este lançada à terra e deixar-se surpreender, pelo pequeno susto que o levantar inesperado do bando de perdigotos lhe causava ou quando a raposa que também os espreitava lhe surgia numa rodeira ou cômoro da seara.
Aqui a semente lançada à terra, como na Parábola deste Evangelho, também se mortificava para dar vida a milhares de sementes, nas terras trabalhadas com amor e suor pelas gentes Samarras, para levarem à mesa o pão que havia de alimentar a família. Umas mais pobres que outras, com mais ou menos seixos, toda ela era virada pela relha do arado, aguentado pelo pulso firme do lavrador Samarra e ela produzia; 30/60 ou até 100%, dependendo da qualidade da terra onde caira, pois o empenho que o lavrador punha no seu amanho era igual para toda, quer fosse no seu miolo ou nos cadabulhos, tal como na Parábola.
Estas terras que se vislumbram nas fotos, todas elas, do domínio da Casa Fidalga, foram primeiramente aradas e semeadas pela criadagem desta casa, para, muitos deles pagarem a graça do privilégio de terem aposto a manápula na aldraba do portão, antes de serem caçados pelas autoridadesàs quais procuravam escapar, vide crónica “Sta. Eufémia dos Fidalgos, Sta. Eufémia dos Ladrões”, ao menos aqui gozavam a sua escravatura ao ar livre. Mais tarde, estas terras foram dadas a tratar aos “Compadres Samarras”, pois o privilégio de terem afilhados, também tinha o seu preço,ainda que fossem tratadas de terças.
Após o falecimento do timoneiro deste império, o Sr. António Celestino na década de 50, o império começou a desmoronar-se e de desmorono em desmorono, caiu e os herdeiros que tiveram filhos, também não ganharam raízes na aldeia e seus pais começaram a vender a retalho as várias parcelas de terrenos a outros samarras; o maior lote foi o constituído pelo lote do Solar em si, de outras parcelas, onde consta a Pardinha parte do Carvalhal e Silveira, aqui nas fotos e do brinquinho o Pomar, que foi adquirido pelo ”Ti Zé Júlio – Ti Zé Paleiro”, hoje também retalhado pelos filhos seus herdeiros. O colapso da Casa Fidalga, tal como muitos de nós a conhecemos tinha acontecido.
Também e na sequência de troca de impressões “entre alguns Samarras”, sobre o “Monumento ao Mineiro”, quando o ”M. Monteiro” nos sugere que o romance “Volfrâmio” de Aquilino Ribeiro, nos transporta às lides exploratórias dos minérios em Terras Samarras, eu diria que se substituirmos os nomes das aldeias que ficavam no termo da localidade ”Malhadas da Serra” com a referência da exploração no Vale das Donas; em vez de Orcas da Beira, Pedrões, Rabaçais, Tendais, etc.; por: Freixial, Cótimos, Sorval, Póvoa etc., tendo, aqui, como referência mineira Santa Eufémia, nas minas do Vale de Massueime, temos o local do romance transferido para a nossa região.
Também, para as personagens de Aquilino, encontramos figurantes Samarras sem qualquer empecilho, algumas ainda vivas, se bem que poucas e outras que ainda estão presentes na retina da nossa memória visual; assim os mandantes, representantes dos interesses Ingleses e Alemães: o Hincker, o Corbert, o advogado Dr. Torres, os capatazes Silvestre Calhorra, e Agusto Aires, o Luís Ougado, Zé dos Cambais, o José Francisco, o Fráguas, as donzelas Teodora e Paulinha esta filha do Incase aquela que jurara ser do Aires ou de mais ninguém, quando lhe pegou na mão e a levou ao colo do seio, para que pudesse ouvir o seu coração sobre o qual fez o juramento, deixando-o louco de alegria e varrendo-lhe do pensamento as besteiras que se propunha executar naquele que julgava ser o seu rival o Antoninho.
Nas crónicas podemos encontrar os nomes de alguns estrangeiros e Samarras que ocuparam estas posições e outros ainda estão ocultos como o filão, antes de assomar à passagem da relha do arado.
O “Volfro” de Aquilino, de fato, podia ter tido como cenários os montes e vales da Ribeira de Massueime, das terras da Ferradosa e das ruas e tabernas da aldeia Samarra e a maneira de se exprimir, seria perfeitamente entendível pelos camponeses-mineiros, pois eram tão comuns, que ainda hoje nos fazem reviver ou imaginarmos como foi. As duas primeiras crónicas sobre as “Minas de Massueime...”, dão uma ajuda a quem queira recordar como era.
A pressa e a ganância dos capatazes de chegarem mais rapidamente a um veio ou bolsada de Volfro, com menos despesa, por vezes, levava-os a negligenciarem na colocação das escombreiras e as desgraças aconteciam. Se esmiuçarmos bem, embora não seja fácil afirmá-lo, como o referi numa das crónicas, também aqui encontraríamos, sogros apalavrados, traições, amores e desamores e mortes.
Tal como a semente lançada à terra tinha de se sacrificar para que pudéssemos deliciar o olhar naquelas majestosas searas, também para que esta gesta dos Mineiros e minas Samarras, possa ser recordada tal como foi, muitos dos nossos camponêses-mineiros Samarras partiram mais cedo do que era expectável, cabe-nos a nós perpetuar a sua memória e o nosso romance sobre o “Volfro”e o “Urânio” será o “Monumento ao Mineiro Samarra”, que nos fará perpetuar o trabalho duro com que os nossos Samarras nos ajudaram a chegar onde nos encontramos. É nosso dever, recordá-los e honrá-los com respeito.
Julho 2014 (42)
Apaulos
Obrigado APaulos, espero que consiga fazer germinar essa sua vontade de erguer esse monumento!
ResponderEliminarFica o sitio onde podem encontrar um pedaço dessa nossa história.
http://aterrememportugal.blogspot.pt/search/label/Volfr%C3%A2mio
Pelo que tenho lido nos comentários, sobretudo depois das crónicas dos Minérios, muitos tem sido os que
ResponderEliminarreferem a necessidade de perpetuar a recordação dos mineiros Samarras, com o Monumento ao Mineiro; pelo que a vontade de que a semente germine, não é só do Apaulos, e do Anónimo acima, embora lhe reconheça o primeiro impulso. Havemos de o ter porque ainda temos homens para isso.
Espero bem.
Eliminarestamos juntos! Parabéns.
ResponderEliminarDe quando em vez revisito estes escritos para recordar coisa da minha juventude e verifico que muitos tem falado neste assunto. A onde anda a J.Freguesia, que "nem burro se queres água," não me consta que alguma vez se tenham pronunciado sobre o assunto. Um assunto no qual teriam o apoio de todos, "pobre gente que nós elegemos", que não sabe ver os anseios das suas gentes. Porque a Confraria dos Ermitãos não mete mãos à obra; eles com o apoio de todos serão capazes de fazer o Monumento.
ResponderEliminarFaço votos que o Blogue não deixe morrer esta linda e justa ideia. Parabéns ao autor destas crónicas que não se cansa de nos lembrar esta obrigação.
Saudações Samarras.
estas fotos mostram que temos sem dúvida uma luz dívina, somos uns privilegiados...
ResponderEliminarEstórias que ouço dos nossos pais que passavam semanas fora da aldeia na ceifa, dias inteiros de calor intenso onde o esforço árduo e a alegria imperavam. Episódios de pessoas que andavam descalças na restolha! Por mais que ouçamos estas estórias nunca na p#&% da nossa vida iremos imaginar o que quanto custou a p%#& da vida.
ResponderEliminare sem protector 50 ou aspirina C
EliminarF&%$#"
Apaulos parabéns por teres lançado mais uma semente. Esperemos que a terra onde ela caiu seja tão boa quanto a do carvalhal. Concordo e dou todo o meu apóio à sujestão do anónimo das 10H30. Estou certo que a Confraria teria o apoio de tdos os verdadeiros Samarras. Se não houver uma equipa que possa liderar corremos o risco de a BOA ideia morrer na praia.
ResponderEliminarAs minhas desculpas pela "sujestão)" sugestão. Não li antes de publicar.
Eliminara sugestão é boa e terá que ir prá frente
EliminarEm vez de darem esmola para uma igreja que ignora a população, dêem antes para esta causa, até um museu poderia ser feito houvesse vontade para isso.
ResponderEliminarÉ gratificante e animador que, há mais de um ano, sempre que a ideia do Monumento ao Mineiro vêm a terreiro se vejam opiniões a apoiar, ainda que muitas sejam anónimas, talvez com receio de que venham a ser solicitados a colaborem, na medida do possível, na execução do projecto. Uma coisa nos deve deixar a todos animados é que esta, não lhes parece que, é uma ideia consensual!. Recordemos que muitos outros e até como pioneiros, manifestaram o seu apoio noutros comentários e recordo, por ex.,os manos, Celestino e João Rodrigues.
ResponderEliminarNo almoço Samarra de Maio deste ano em Montachique, muito prejudicado em termos de participação, por ter coincidido com a final da Taça de Portugal, ou seja a culpa foi do "Benfica", houve Samarras que fizeram sugestões, nomeadamente acoplar a este um museu com apetrechos das lides mineiras e que na medida do possível estariam dispostas a colaborar, "óptimo Sras. Professoras".
Seria óptimo que os anónimos dessem o nome ao apoio que manifestam nessa condição, pois teria um valor acrescentado.
A sugestão do anónimo de 15.07- 10:32, que parece sugerir que a "CONFRARIA DOS ERMITÃES" seria a
entidade adequada para levar a bom termo este anseio de uma população, residente ou não, que se sente em dívida por uma geração de gente Samarra que, tanto fez pelas gerações daqueles que nasceram nas décadas de 40/60 e que por via desse esforço abnegado, beneficiou as gerações vindouras de tantos/as Samarras que embora, já não tenham nascido ali, ali terão de procurar as suas raízes de identidade, sejam eles emigrantes ou imigrantes em qualquer lugar do planeta e ao que julgo saber, fazem-no com curiosidade e satisfação; também me permito concordar que os jovens da Confraria teriam o apoio de todos.
Também o anónimo de 15.7 às 13:42, para quem conseguir decifrar os seu hieroglíficos nos dá conta de quão difícil era a vida de camponeses - mineiros.O Aquilino saberia dizer isso em vocabulário da época e de maneira que todos entendessemos. Com o seu romance o "VOLFRÂMIO" de 1944, imortalizou uma época de actividade mineira, ao mesmo tempo que na aldeia Samarra ocorriam actividades idênticas e assim, ele imortalizou essas gentes e essas aldeias e foi há 70 anos, de que estamos nós à espera para honrarmos OS NOSSOS SAMARRAS!...
Apaulos
Os filhos dos nossos e/imigrantes têm nestas crónicas Samarras, uma realidade muito fidedigna do que foram os tempos dos seu pais e avós, tanto mais que hoje ao visitarem a aldeia muitos destes cenários jamais poderão ser vislumbrados.
ResponderEliminarBem hajam aos que resolveram digitar as suas/nossas recordações e vivências para memórias futuras.
Sementes, por sementes, também temos as sementes das ideias e se me permitem fica aqui uma outra: nas crónicas, conseguiram elencar e trazer ao conhecimento de todos alguns nomes de Samarras que combateram na 1ª. Grande Guerra e Guerra do Ultramar. Quando, por todo o lado, vemos ruas, monumentos e títulos a recordar e elogiar, a descrever a gratidão dos Portugueses aos Combatentes; não seria altura de os nossos Combatentes terem no seu torrão natal uma rua que recorde os seus sacrifícios e as angustias de suas mães, esposa e noivas que lhes deram forças para superarem muitas das agruras daqueles cenários de guerra.
ResponderEliminarFica aqui o desafio ao Exmo. Sr. Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Freguesia, para na próxima Assembleia Geral a levar à mesma Assembleia e aquilatar da vontade das gentes Samarras. Temos várias artérias que poderiam trocar o seu nome por este: RUA DOS COMBATENTES SAMARRAS ( de 1914 a 1974). Obrigado
Esta também tem o meu apoio. Foram tempos difíceis os que ali passámos e as nossas mães sempre com o credo na boca.
ResponderEliminarBoa ideia, por exemplo, talvez mudar o nome da Rua do Meio ou da Rua do Forno para lembramos os militares combatentes samarras. Sr. Presidente da Assembleia Geral tem aqui uma matéria para a próxima reunião, não mos desiluda. Saudações
ResponderEliminarPreferia sinceramente para Rua dos Mineiros
ResponderEliminarPara Rua dos Mineiros Samarras, a actual Rua do Meio e a ter o seu inicio no "Jardim do Monumento aos Mineiros Samarras" ali à Praça e a Rua do Forno para: Rua dos Combatentes Samarras" ( 1914 a 1974). O que acham?....
ResponderEliminarNão merecem nomes de ruas também as padeiras, os ceifeiros, os vinhateiros, as professoras e outros?
ResponderEliminarOu os punheteiros, como tu?
Eliminarlol
Eliminarmentes de ferro fundido que insistem em ladrar a quem passa
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