Capadócia

Na “rodagem – auto”, de Atenas para Istambul, encontrámos a igreja de “Santa Bárbara” na Capadócia, na Anatólia Central, Turquia. 
A viagem iniciou-se na madrugada do dia 22 de Agosto 2015, no aeroporto de Lisboa, onde no ponto de encontro, se foram juntando uns e outros, uns conhecidos outros nem por isso, mas o objectivo da viagem foi-nos aproximando e passados 15 dias, em 5 de Setembro, era também aqui que, os quase 41, agora amigos, se despediam, não eram 41 porque uma já tinha demandado para Macau e outros ficaram em Madrid. 
A viagem teve como tema: VIAGEM À GRÉCIA E TURQUIA - “À REDESCOBERTA DE SÃO PAULO – PERCORRENDO OS SEUS CAMINHOS”. 
Como estes “pacotes” não se encontram disponíveis nas agências de viagens; quem melhor que o nosso guia para prepara este roteiro, o Magnifico Reitor da FT da Universidade Católica Portuguesa, Pe. João Lourenço. 
Ainda recordo o guia turco ou a extraordinária guia grega a pedirem-lhe, de vez em quando, para que completasse as explicações que acabavam de debitar e eles então calavam-se e o turco gravava os seus doutos conhecimentos, no seu tablete para mais tarde, melhor explicar a outros turistas. Com escalas e mudanças de voo, era já fim da tarde, quando chegámos a Atenas. 
No dia seguinte e até ao último, foi sempre um corre-corre, pois de Atenas a Istambul, tínhamos pela frente milhares de kms, para visitarmos, apreciarmos e ficarmos a conhecer um pouco dos locais, por onde São Paulo passou e onde ensinou a Boa Nova. 
Procurando cumprir o nosso roteiro, avancemos; além dos locais de inegável e de reconhecidos valores históricos e turísticos que visitámos, vamo-nos reportar sobretudo aos locais emblemáticos por onde São Paulo passou nas suas viagens apostólicas e se dirigiu aos seus discípulos com as suas cartas ensinando a doutrina de Cristo. 
Começámos por visitar o Templo de Posseidon, deus do mar, no Cabo Sounion, a sul da ilha de Ática, a maior da Grécia, das 300 habitadas, de um total de 3.000; visitámos de seguida a antiga cidade de Corinto, acrópole, ruínas e museu, a importância que teve a comunidade de Corinto e o seu relacionamento com o apóstolo; Micenas, Epidaurus, Nauplia a primeira capital da Grécia moderna, Tebas, Livadia, Delfos, esta no alto da montanha, rodeada de outras, logo com seus vales profundos, dignos de por eles espraiarmos o olhar e imaginarmos, como o apóstolo chegava ali. 

Dia 25 deixámos Atenas, depois de termos visitado os seus “ex-libris” e a sua região e continuando a nossa caminhada, já pernoitámos em Larissa, a meio do caminho para a fronteira da Turquia, tendo como referência e sempre à vista sobre o lado direito a costa do Mar Egeu, que nos acompanhou até à fronteira com a Turquia. Antes de deixarmos a Grécia, pernoitarmos pela última noite na cidade de Kavala, visitámos Tessalónica, igreja de S. Demétrio, recordação de Filipe II, “pai de Alexandre Mgno”, a importância das cartas do apóstolo aos Tessalonicences, continuação da viagem para Fillipos, colónia romana de reformados do exército, visitando os restos históricos da cidade e recordando as cartas de São Paulo aos Filipenses, batismo de Lídia, etc.. 
Dia 27 em Alexandrópolis no Norte da ilha de Ática e perto da Bulgária, passámos a fronteira para a Turquia, onde já almoçámos na margens do canal de Dardanelos, que liga o mar Egeu ao mar da Marmara que atravessámos em ferryboat. 
Neste dia ainda visitámos Troya e pernoitámos em Çanakkale. No dia seguinte, continuando com o mar Egeu à vista ou pressentindo a sua vizinhança, visitámos a cidade de Bergamo, a Acrópole e seus monumentos, Templo de Esclápio e recordações de São Paulo, com recolhimento e pernoita em Izmirna. 
De Izmirna para Pamukkale, com Éfeso pelo meio, uma das sete maravilhas do Mundo Clásico, cidade dedicada a Artemis (Act. 19, 23-40), deusa da fecundidade: Teatro, Odeon, Biblioteca, Basílica de S. João e memória de S. Policarpo, Carta aos Éfesios.

Edifício da Biblioteca - Éfeso.

Casa de Nossa Senhora


Aqui, na casa de Nossa Senhora, assistimos a uma Eucaristia presidida pelo nosso Pe. João. Nossa Senhora viveu aqui com os apóstolos. Novamente se fez a evocação das viagens apostólicas de Paulo. 
Ainda passámos por Didim, posto o que deixámos as vistas das águas do Egeu que já se misturam com as do Mediterrâneo e inflectimos para o interior rumo a Pamukkale, onde alguns tomaram o seu banho nas piscinas de águas termais, do hotel, que escorrem da montanha branca;

Piscinas de águas termais, ao ar livre, no hotel em Pamukkale.

Jantámos e recolhemo-nos, para no dia seguinte subirmos à montanha que só se pode pisar descalços e banharmos os pés no desfiladeiro das águas correntes, quentes e apressadas montanha abaixo. Estas montanhas são únicas no Mundo e património da Unesco.

Em Pamukkale, uma ponta da montanha branca

Estamos no dia 30 de Agosto e estamo-nos a aproximar do local que dá o título a esta narrativa; de Pamukkale a caminho da Capadócia, ainda visitámos Hierapolis e Afrodisias, notáveis centros de cultura helenística, com os seus monumentos. Seguindo a nossa jornada, passámos por Konia, antiga Icónio, capital Seljucida e evocação das viagens apostólicas de São Paulo (Act. 14). Aksaray e finalmente Urgup - Capadócia, onde pernoitámos duas noites e visitámos os seus vales e aldeias mais emblemáticas. Foi nesta fascinante região do vale de Góreme, paisagens de tipo lunar, onde encontrámos a igreja de Santa Bárbara, de entre outras, escavadas na rocha e que foram decoradas no seu interior com pinturas e frescos dos século X, hoje deterioradas ou vandalizadas.

Igreja de Santa Bárbara na Capadócia e três Samarras - 31.08.2015

No seu interior – as paredes onde existiram pinturas, agora apenas símbolos

Tudo isto é fascinante, nomeadamente a aldeia de Cavasin e vale de Zelve, onde se podem admirar milhares de chaminés com as fadas, formadas pela erosão e gelos de milhares de anos e as casas dos povos trogloditas cavadas nas rochas.



Antes de rumarmos ao sul visitámos a cidade subterrânea de Kaymakli, uma das 36 cidades subterrâneas com cerca de 100 túneis e 8 andares abaixo do chão, só 4 estão visitáveis e onde se estima que tenham vivido cerca 3.500 pessoas. Depois de visitarmos esta magnifica e típica região, habitada pelos primitivos cristãos e não só, que resistiu durante centenas de anos, devido, nomeadamente, ao desinteresse dos romanos por estas paragens.

No terceiro andar subterrâneo

Em 01 de Setembro rumámos novamente para sul, até ao Mediterrâneo, e após percorrermos umas centenas de kms, montanhas abaixo, sempre em auto-estradas, chegámos a cidade de Tarsus, a cidade natal de São Paulo, onde visitámos a Casa e Poço de São Paulo, bem como a sua igreja, onde se celebrou mais uma Eucaristia, finda a qual, fomos obsequiados com um lanche pelas irmãs que cuidam desta pequena comunidade, como são todas as comunidades cristãs por todas estas latitudes. 
Após atravessarmos a cidade de Adana, continuámos a caminho de Antioquia, mais uma grande cidade da Turquia, com a Síria ali bem perto, primeiro centro de difusão do cristianismo e ponto de partida para as viagens apostólicas. Visita à Gruta de São Pedro, onde, pela primeira vez, se chamou “cristãos” aos seguidores de Cristo.

No meio do alto da montanha e por detrás desta parede moderna fica a gruta de São Pedro.

Gruta de São Pedro – Antioquia

Do alto da esplanada da gruta de São Pedro, a seus pés, parte da grande cidade de Antioquia.

Daqui e mais abaixo, visitámos o moderno e magnífico Museu Arqueológico de Antioquia, com um esplêndido espólio e património e candidato a fundos mundiais da Unesco. 
Pernoitámos em Antioquia e cumprido o grande roteiro “Caminhos de São Paulo”, no dia 02 de Setembro, ao fim da tarde, voámos de Adana para Istambul, onde chegámos cerca de duas horas depois. 

Quanto a Istambul onde pernoitámos 3 noites, é uma cidade com cerca de 13.000.000 habitantes, a quinta cidade do mundo, uma cidade que não dorme, situa-se de um lado e de outro do Bósforo que divide a Europa da Ásia, logo situada nos dois continentes, sendo que os principais monumentos estão na parte Europeia, nomeadamente a Mesquita Azul, e Igreja – Museu de Santa Sofia e muitos outros, por via do oráculo da “pitonisa” que mandou o Imperador construir na terra dos cegos, que era a parte europeia da cidade, onde não havia nada e hoje é aqui que se encontram os principais monumentos. Só mais dois pormenores: o Bazar de Istambul um dos “ex-libris” da cidade, deve ser o maior que existe nestes país e referir que o passeio de barco, à disposição do grupo durante 3 horas nas águas do Bósforo, que faz de corredor entre o mar da Marmara e o mar Negro, cheio de iates ancorados nas suas margens, palácios e museus do qual se podiam ver os minaretes das muitas mesquitas, nomeadamente os seis da Mesquita Azul, também nos ficou na retina.

Palácios nas margens do Bósforo em Istambul.

Como Samarra vim com um desgosto de Istambul, pois esperava ter encontrado e visitado ali a igreja de Santa Eufêmia e trazer um registo desta para esta crónica, mas o nosso guia, não foi homem para a descobrir se é que ainda existe, mas sou testemunha que no hotel procurou informar-se e verifiquei que não o souberam informar, ele é de Ismirna, cidade nas margens do mar Egeu e bem longe dali, pelo que estará perdoado. Quem tiver curiosidade poderá ver em crónicas antigas, dados sobre Santa Eufêmia e Santa Bárbara as nossas Santas queridas na terra Samarra, elas eram desta paragens e contemporâneas, anos de 288 d.C. Santa Eufêmia, da antiga Calcedónia, hoje Istambul e em cuja Igreja se efectuou o Concílio Ecuménico da Calcedónia em 8/10 a 1/11/451. (crónica nº 43 no Blog). 

Quanto à virgem e mártir Santa Bárbara, nasceu no ano de 280 d.C em Nicomédia, hoje Izmit, na mesma região (ver crónica nº 45 no Blog.). 

Falar de Istambul e de muitas outras cidades visitadas, dariam prosa para muitas crónicas, mas como este não é o objectivo, ficamos por aqui e recomendamo-las a quem as possa visitar, pois, julgo que não se arrependerão, se e quando as circunstâncias, sobretudo locais, o permitirem.

Desculpem ter estragado a paisagem, mas a culpa foi do fotografo, no entanto prova que ele esteve ali.


Janeiro 2016 (Nº. 55) 
Apaulos



4 comments Blogger 4 Facebook

  1. Obrigado pela partilha, António.

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  2. Onde foram descobrir "Santa Bárbara". Muito bem

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  3. Passei esta descrição a uns amigos que adoraram e estão a pensar fazer este circuito logo que haja condições. Obrigada António pela partilha das crónicas que aqui nos tem deixado enriquecendo a nossa aldeia Samarra.

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  4. Grande reportagem Apaulos, parabéns. Gostei

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