A Igreja/Paróquia
Instituída a Paróquia de Santa Eufêmia, pelos Abades do Mosteiro de Salzedas em 1225, “vide a 1ª parte da crónica”, ano em que terão começado a apresentar os párocos desta e que se manteve até 1334.
Posto isto, havia que se construir na aldeia a Matriz e terá sido assim, mas só alguns séculos depois, que se construiu a Igreja de Santo André.
Como também foi referido, o 4º. Fidalgo, António de Carvalho de Vasconcellos Cortêz, natural de Santa Eufêmia, terá sido quem concluiu as obras do Solar, nomeadamente a capela de invocação a Nossa Senhora da Conceição em 05.06.1657 e que foi registada no livro da Câmara Eclesiástica de Viseu em 27 de Junho de 1657, para efeito de sujeição à justiça eclesiástica do bispado.
Cento e onze anos depois, o seu bisneto-fidalgo, Manuel António Cortêz de Carvalho e Vasconcellos, o 8º Fidalgo, ampliou e reformou a capela do Solar, tendo as obras sido dadas por findas em 2 de Dezembro de 1768 e a licença de bênção concedida em 31 de Maio de 1769.
Verificamos que o 3º. quartel do século XVIII foi rico em remodelações, construção e inaugurações das duas capelas, a do Solar e a da Ermida da Senhora das Fontes.
Confrontemos as datas, a do Solar e a da Igreja da Misericórdia da cidade da Guarda, que remonta ao reinado de D. João V (1707-1754), de concepção genuinamente barroco com elementos rococós, que serviu de cópia a algumas igrejas de aldeias do Distrito de que são exemplos as igrejas da Carrapichana e da Mesquitela; igreja de nave única, tal como a capela do Solar, o que nesta parece natural, com uma imponente fachada principal, tal com o portal da capela do Solar.
Salvo as devidas proporções, de uma igreja na capital de Distrito, que é o segundo maior e mais espectacular Templo da cidade da Guarda, logo após a Sé Catedral e a capela de um Solar numa aldeia, os termos de comparação são demais evidentes para não vermos ali a inspiração da capela do Solar nesta magnifica igreja, pertencente à Santa Casa da Misericórdia da Guarda, um dos mais belos monumentos da época de D. João V.
Neste local, o Rei D. Sancho (1223-1247) mandou edificar a Catedral da Guarda, que foi mandada arrasar no reinado de D. Fernando (1367-1383), por ficar fora das muralhas da cidade e servir as tropas Castelhanas como ponto estratégico.
Neste sítio e já no século XVII, antes da actual igreja, existiu aqui um outro Templo também pertença da Misericórdia da Guarda. A capela-mor com o seu altar, é o que mais nos chama a atenção, de estarmos perante o altar-mor da actual igreja de Santa Eufêmia, que foi a Capela do Solar, enquanto a Capela do Solar tem dois altares laterais, a Igreja da Misericórdia tem dois laterais e encostados a estes dois co-laterais.
Quando tiverem oportunidade, entrem e vejam, com olhos de ver, as parecenças entre estes dois Templos.
Como referido, após a instituição da paróquia de Santa Eufêmia, havia que, a seu tempo, construir na aldeia a Matriz e terá sido assim que se construiu a Igreja de Santo André, ainda que alguns séculos depois e que terá funcionado como tal, durante muito pouco tempo, e só até os fidalgos terem cedido à população a sua capela para o culto, talvez devido às suas pequenas dimensões para a população, à data, pois a capela do Solar era bem mais ampla que a de Santo André e dela fazerem a sua Igreja Matriz Paroquial, que se mantêm até aos dias de hoje.
A primeira Matriz da aldeia foi a antiquíssima, pequena e humilde capelinha da Senhora das Fontes, mais tarde (1771) passou para o novo Templo da Ermida da Senhora das Fontes, como referido na 2ª parte da crónica e com a construção da Igreja de Santo André na aldeia, a Matriz passou para esta, um edifício de frontaria simples e de linhas direitas.
Este edifício, agora em obras de requalificação, serviu múltiplos fins, nomeadamente de escola, onde as quatro classes da primária, ali pelos anos 40/50 do século passado, funcionavam em simultâneo e no mesmo espaço e mais tarde serviu de salão de convívio, onde se representaram algumas peças de teatro, nomeadamente nos anos 60 e seguintes, levadas a cabo pelo brio dos estudantes de antanho e inclusive a passagem de filmes.
A poucos metros de distância, logo não acoplada a ela,
encontramos a torre sineira, que tem sido protagonista de muitos eventos e se os seus sinos falassem, dir-nos-iam emocionados, as inúmeras vezes que, acordaram e chamaram os seus Samarras sobressaltados, para acudirem a outros Samarras na hora de aflição, em que a casa de um ou outro era tomada pelas chamas, que o borralho mal apagado ou candeia de petróleo, que ficara acesa, quando a mãe adormecia a dar de mamar ao filhote, “apicharam“ a uma das entaipas ressequidas pelos anos; em 17 de Abril de 1951, gritaram por nós a rebate, para irmos defender os bens da Senhora das Fontes, que estavam a ser objecto de pilhagem, pelas autoridades de Pinhel, como já o haviam feito em 1833; alertam-nos para que os Samarras se venham despedir de um dos seus, que acabava de ser chamado para se apresentar perante o Criador da vida!..
Oh tia Jaquina, tocou a sinal!.. Foi homem ou mulher? Tocou duas é mulher, então foi tia Balbina, coitada, que Deus tenha a sua alma em descanso; se tivesse tocado três badaladas era homem.
Era nestas alturas, quando a desgraça ou a adversidade batia à porta de outro Samarra, que o coração, aparentemente, empedernido dos Samarras, se tornava dócil e a sensibilidade oculta vinha ao de cima e associavam-se à dor dos conterrâneos, para que esta, com a sua solidariedade se tornasse menos pesada.
Eles chamam-nos para os deveres dominicais e festivos “uma só missa a que tiveres assistido em vida, ser-te-á de mais valor que muitas a que os outros assistirão por ti depois da morte” (Santo Agostinho).
Mas também fizeram descorçoar alguns Samarras, que vivendo nas suas imediações, sobretudo na Quadra Natalícia, em que os rapazes não largavam os seus badalos, ora uns ora outros: lembrando aos Samarras que o Menino-Jesus estava prestes a chegar e assim não lhes davam descanso e não deixando descansar quem dele precisava.
Também foram eles, que durante muitos anos, quando poucos tinham relógio, lhes diziam a pressa ou o devagar como o tempo se consumia, andassem eles onde andassem no termo da aldeia, pois, desde que as ondas do vento estivessem de feição ou não andassem entretidas com o preparo de uma tempestade, reunindo-se aqui e acolá, fazendo uma barreira de nuvens negras, dificultando a difusão do som ele era escutado em todo o lado.
Hoje o som é difundido pelos altifalantes de uma moderna aparelhagem electrónica.
Na Semana Santa, eles calam-se e cedem os seus deveres e obrigações à “Matraca”, cujo som, no escuro da noite, arrepiava os garotos e era vivido e sentido pelos adultos. Era preciso pulso forte para se fazer ouvir o seu som.
A Igreja Paroquial, quer exteriormente, quer no seu interior, foi objecto de alterações na década de 60 do século passado, quando se verificou o revestimento interior das suas paredes, com azulejos de tons azuis até uma altura de cerca de 180cm, obras empreendidas no tempo em que era pároco o Pe. João Maximino Fragoso; também foi de sua iniciativa fechar o portal que ficava por baixo da primeira janela da capela-mor, a terceira da igreja do lado direito, que dava acesso à sacristia que tinha sido acoplada à igreja para o lado do adro, sacristia que também foi demolida e a que foi a capela do Solar dos Fidalgos recuperava, por fora, a linha original e a primitiva sacristia, recuperava a sua função e à qual se acede pelo portal do lado esquerdo, no espaço da capela-mor e que tinha ligação com o interior do Solar.
O conjunto do seu altar-mor é um barroco do século XVIII.
O altar onde actualmente têm lugar as celebrações litúrgicas, foi acrescentado, como em todas as igrejas e verificou-se após o Concílio Vaticano II, que agora faz 50 anos, quando as missas passaram a ser ditas na língua vernácula dos países e quando o celebrante passou a celebrar virado para o os fieis (versus populum), também para isso foi necessário ampliar o espaço da implantação do altar que foi feito em granito, tal como as grandes lajes de todo o Templo.
Imediatamente e encostados ao arco da capela-mor estão à direita o altar de Santa Eufêmia e à esquerda o altar do Sagrado Coração de Jesus. O tecto em madeira, tipo berço, está pintado de azul.
Do lado esquerdo, encontra-se o magnifico púlpito, que teve uma escada no interior da igreja que lhe dava acesso.Ao fundo da igreja e também do lado esquerdo, situa-se a Pia Batismal e junto a esta, uma arca de pedra granítica, do tempo em que era a Capela do Solar e que será um ossário. No Solar havia várias arcas em granito, nomeadamente para guardarem o azeite.
O coro todo em madeira, tem três patamares desnivelados e é utilizado pelos homens, que ainda conseguem subir a sua íngreme e estreita escada, situada do lado direito e à entrada da igreja pela porta principal, ocupando todo o fundo da igreja e do lado esquerdo vê-se um portal, que davam acesso ao interior do Solar.
Os homens, por norma, ou ocupavam os lugares na capela-mor, os mais idosos, ou no coro; não era habitual ver os homens misturarem-se com as mulheres no corpo da igreja, daí quando a população era bem mais do que hoje, pelos anos 60 cerca de 850, hoje menos que 150, as escadas exteriores também eram ocupadas pelos homens.
Referimos que alguns familiares dos Fidalgos foram homens e mulheres consagrados, padres e freiras e também alguns foram sepultados na capela do Solar; no último século também recordamos alguns Samarras que foram padres e freiras, já referidos noutra crónica; mas vamos elencar os párocos que serviram esta paróquia no último século e alguns deles baptizaram e casaram os nossos avós e pais e também os acompanharam à última morada e outros já nos baptizaram a nós: padres, Sardinha, Francisco Rente era pároco em 1937, Pe. Sanches, José Bernardo dos Santos que já baptizou os garotos da minha geração, nos anos 40, João Maximino Fragoso, Carlos Moita (que no ano 1966 ainda era pároco da aldeia, ano em que fui para a Guiné e que em 1968 o encontrei em Bissau, onde estava numa missão de serviço como capelão militar), António Nunes, o último pároco residente na casa paroquial da aldeia, que tinha sido reconstruída no inicio dos anos 1950 e desde o Pe. Vítor Paiva, os párocos passaram a residir na casa paroquial das Freixedas, Marco Ramos, e o actual é o Pe. Ricardo Fonseca.
O Orago oficial da Paróquia é Nossa Senhora da Nazaré, mas os Samarras, têm como Padroeira a sua “Santa Eufêmia”.
O dia de “Santa Eufêmia”, no calendário hagiológico, é o dia do seu martírio 16 de Setembro, no entanto, a sua festa nem sempre se tem realizado nesse dia, devido à necessidade da movimentação dos seus fiéis romeiros. Este é o dia em que mais gente se junta na aldeia, primeiro porque muitos Samarras procuram estar presente na festa da Padroeira e porque tendo muitos devotos, nas aldeias vizinhas fazem questão de vir à Sua Festa e aqui assume particular relevância a vizinha aldeia dos Cótimos, que vem com os seus estandartes e muitos devotos, no que é retribuída na festa da Senhora de Fátima em 13 de Maio pelos Samarras. A festa religiosa prolonga-se por três dias, começando na véspera e terminando no dia seguinte ao da festa com a visita desta, à Ermida do Senhor dos Aflitos.
Após a solene missa campal e sermão, abrilhantada pela banda musical, organiza-se a procissão, que dá a volta grande, em torno da aldeia, finda a qual seguia-se a descarga do fogo de artifício, que durava cerca de meia hora, prática que foi proibida pelas autoridades civis devido ao perigo de incêndios nesta época do ano.
Na procissão, Santa Eufêmia, fecha o cortejo de andores, cerca de 12, que vão percorrer a aldeia, seguindo à frente os estandartes e bandeiras, desfraldados ao vento, seguros pelos pulsos firmes dos homens Samarras.
À frente do andor da Santa Eufêmia posiciona-se o andor do Sagrado Coração de Jesus e a Virgem Maria, nos seus três títulos Marianos: Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora das Fontes, Nossa Senhora da Nazaré e logo a seguir a sua conterrânea, a Virgem e Mártir Santa Bárbara e à frente, todos os outros veneráveis santos e santas.
Terminada a procissão e já no adro da igreja, os andores, perfilam-se até à chegada da Rainha da Festa, posto o que, passando à sua frente recolhem à igreja.
Para justificarmos o título desta e a concluirmos, reportemo-nos às cruzes que existiram e às que existem na aldeia.
Todos
os caminhos e becos que davam entrada na aldeia, tinham uma cruz à
entrada, que eram de madeira e precisamente por serem de madeira,
foram-se degradando e ou foram vandalizadas e não foram repostas à
medida em que se perderam até que se extinguiram e pelos anos 50 já
quase não havia cruzes de madeira.
Em 1951, estando um grupo de três Samarras em discussão acalorada, um deles era o respeitável e respeitado Regedor o Ti Abrão e mais dois, que nem sempre foram respeitados pelas melhores razões; um destes, algum tempo depois, foi a casa e munindo-se de uma espingarda, procurou o conterrâneo com quem se tinha desavindo, fez pontaria e disparou um tiro, mas em vez de acertar no alvo que pretendia, acertou no pai do alvo que era o Regedor. Aquele, considerando que foi salvo por milagre, logo ali fez a promessa de mandar recolocar as cruzes que se perderam, mas em ferro, no entanto, ficou apenas por estas três, pois o ferro que era necessário para estas, vinha dos carris das Minas de Massueime, onde as vagonetas rolavam carregadas de entulho e minério, começou a escassear e a promessa ficou por estas três; mas não nos compete a nós ajuizar do cumprimento ou não da promessa.
O ferro foi cedido pelo conterrâneo, “ J. M. de Carvalho” e o serralheiro que executou o trabalho, foi o” Zé Serralheiro” – José Teixeira, na sua oficina em Pinhel.
Exemplo de uma vagoneta que os mineiros Samarras carregaram de entulhos com minério, empurraram nos seus carris e descarregaram, para os veículos que os haviam de levar para os moinhos das “galgas” na lavaria.
Para aqueles que não conhecem o edifício que foi o Solar, este é o portal, ao meio da sua varanda, que tem na 3ª pedra sobre o umbral a data de 1696, em cujo portão, que não este, estava a aldraba, que permita aos criminosos e foragidos à lei, que a ela se agarrassem, antes de serem apanhados pelas autoridades, ficassem livres dessa perseguição, ficando em contra partida servos da casa fidalga, onde deveriam prestar serviços; daí ouvirmos dizer aos nossos pais, “Santa Eufêmia dos Fidalgos, Santa Eufêmia dos Ladrões”, que já serviu de titulo a uma crónica.
Nos 4 textos desta crónica, de que esta é a última parte, muitos assuntos foram abordados e alguns vagueavam no nosso subconsciente, como lendas e tradições que os nossos maiores nos foram contando e que rolavam pela ”traditio”, mas que, aqui, em face dos factos, com datas e personagens perderam o epíteto de lendas.
Quem da aldeia, espraia o seu olhar para sudeste, vê as colinas dos “Mortórios” e de “Santa Ofêmia”.
Em vários textos nestas crónicas, tenho-me referido às tradições, parecendo um crente das mesmas e também tenho procurado provar, que a tradição oral que nos foi transmitida pelos nossos maiores e algumas referidas nestas, assumem a sua veracidade, com “eras e nomes”.
Isto vem a propósito das referidas colinas e que nos pré-pré-trasantontens, terão servido de cenário a esta “lenda”: quando os velhos chegavam ao seu fim, os filhos embrulhavam o pai numa manta e iam depositá-lo no cima dessas colinas, para ali se finar e isto terá acontecido, até o “amor” de um extremoso pai Samarra dizer para o filho: filho, leva o cobertor para o teu filho te embrulhar quando te trouxer para aqui, porque a mim já não me faz falta; este conselho-profético bateu fundo na consciência do filho, que carregou novamente o pai para casa e será por este motivo que essa colina foi batizada de “Mortórios” e a outra é a colina de “Santa Ofêmia”, onde se situa o cemitério velho. Se a primeira tem todos os aditivos de o nome fazer jus à ”lenda”, já a segunda por ficar perto da antiga “Villa Romana” séculos IV-V e de ali se ter localizado a aldeia, já não vemos relação directa para a “lenda”.
Lendas à parte, este chamado “Cemitério Velho”, a última morada de todos os Samarras durante séculos e até à inauguração do actual no inicio dos anos 70 do século passado, é muito vetusto e deve reportar-se à data em que o filho trouxe o pai de volta para casa. O acesso a este, faz-se por um caminho muito íngreme, aos socalcos e rodeado de silvas, carvalhotos e abrunhos “cagoiços”, o que tornava difícil a subida aos quatro homens que carregavam o caixão com o conterrâneo até ao cemitério.
Lendas à parte, este chamado “Cemitério Velho”, a última morada de todos os Samarras durante séculos e até à inauguração do actual no inicio dos anos 70 do século passado, é muito vetusto e deve reportar-se à data em que o filho trouxe o pai de volta para casa. O acesso a este, faz-se por um caminho muito íngreme, aos socalcos e rodeado de silvas, carvalhotos e abrunhos “cagoiços”, o que tornava difícil a subida aos quatro homens que carregavam o caixão com o conterrâneo até ao cemitério.
Era eu garoto e recordo um funeral no inicio dos anos 50, já em Abril, em que caiu um grande nevão e foi necessário limpar o caminho da neve que impedia o acesso ao cemitério e o Samarra a enterrar foi o pai do Pe. Albano, “Ti Zé Gomes”, que oficiou as cerimónias fúnebres. O criador deste Blog é o bisneto deste Samarra.
Como fizemos referência a tantos lugares comuns dos Samarras de todos os tempos, também não quisemos deixar de referir o lugar comunitário onde os seus conterrâneos os acompanham à última morada.
Os Abades Bernardos, do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas da Ordem de Cister, os Fidalgos de Santa Eufêmia e os Ermitães da Ermida da Senhora das Fontes, foram quem mais fez pelo passado histórico desta aldeia e são incontornáveis, quando nos queremos reportar ao nosso passado longínquo.
Ah!.. , não obstante a diferença de classes de: Abades, Fidalgos e Ermitães, eles entenderam-se, porque todos gostavam do seu chão!...
Como dizíamos ao terminar a última crónica: não basta ver por ver e o Pe. António Vieira diz: “é necessário olhar para o que se vê” e então vamos admirar coisas, que, embora estando lá, nunca as tínhamos olhado.
Se alguns de nós, que lermos estes relatos e nos lembrarmos daquilo que os nossos antepassados nos contavam, e que os seus maiores já lhes narraram, histórias que nos pareciam brumas em dias nebulosos de Janeiro, em que dificilmente vemos um palmo à frente do nariz, hoje, com os factos localizados no tempo e com os nomes possíveis, verificamos que foram bem reais, e ficamos com mais apetência para seguirmos o conselho do Pe. António Vieira.
Conhecendo melhor a nossa história, a nossa responsabilidade de mantermos cuidado este património também aumenta e compete aos actuais Samarras, defende-lo e honrar todos os que o edificaram, bem como os anónimos, que abnegada e desinteressadamente o cuidaram, da melhor maneira que souberam, para nós o podermos olhar e apreciar.
Os textos, nas quatro partes desta crónica, não têm a pretensão de rigor científico, em todos os seus parágrafos e estão abertos a complementos e correcções fundamentadas.
Neles fui, “qual profeta”, o transmissor daquilo que nos transmitiram e também a vivência de factos que vivemos: são factos e recordações sobre a nossa memória colectiva, potenciada por aqueles que, a seu tempo, os foram registando, nomeadamente os das “Referências Bibliográficas”, na tradição do que nos foi passado pelos nossos maiores, o que nos permite, a nós, termos uma memória para lá dos cem anos. Também gostaria de referi o Samarra A. Rodrigues, pois, quando à época de estudantes, fim da época de 50 e início de 60, já procurávamos na Biblioteca e registávamos tudo o que se reportasse a nossa terra e aqui, alguns dados acabam de ser referidos implícita ou explicitamente.
Quanto à tradição recebida e acolhida, fica demonstrada a sua credibilidade.
Quanto à tradição recebida e acolhida, fica demonstrada a sua credibilidade.
A nossa gratidão, também vai para todos os Samarras que, à sua maneira, têm contribuído para cuidarem deste património, para que os vindouros também o possam usufruir e guardar e possam dizer, como nós, a todos Vossemecês – Bem-Hajam.
Dezembro 2014 (46)
Apaulos
P.S.: As fotos, de 2014, foram tiradas com telemóvel, num dia cinzento de Dezembro
Ainda nestas férias estive na nossa igreja e não reparei na sua forte beleza. Não entendo também estes conflitos em torno da igreja dos homens na nossa aldeia. Como é possível alguém ir ler uma mensagem de agradecimento ao p+adre ao pulp+ito da igreja em nome do povo sem ter consultado o povo?|| São estas ações que não se compreendem nem irei algum dia aceitar. Primeiro, agradecer o quê e porqu~e? Segundo, o povo ser representado por uma única pessoa sem sequer consultar o povo? Assim não.
ResponderEliminarBom teixto amigo Paulos gostei de ler. Obrigado
Magníficos textos que nos deixou nestas 4 crónicas sobre a nossa aldeia. Agora os meus netos já podem conhecer melhor a terra dos pais e quiçá ficarem com mais curiosidade de a conhecerem embora não tenham nascido lá. Também eu digo bem-haja Sr. António por me ajudar a acreditar nos contos que os meus pais e avós nos contavam.
ResponderEliminarAgora que conhecemos melhor os feitos, os episódios heróicos, em épocas de tantas carências e dificuldades, recordamos com admiração os nossos Maiores.
ResponderEliminarE agora nós!-- Como queremos ser recordados!..
Obrigado Apaulos pelos conhecimentos que partilhaste com os Samarras.
Gostei da questão como queremos ser recordados?
ResponderEliminarDesde janelas de alumínio a charcas bizarras, padres pacóvios e seus seguidores matreiros, venha o diabo e escolha.
"os encharcados"
EliminarMelhorem algumas das fotos, pois como diz o autor, foram tiradas com telemóvel e em dia cinzento e façam u,a pequena brochura com estas 4 crónicas sobre a aldeia, antes que se perca este trabalho e que decerto nemhuma outra aldeia do concelho de Pinhel terá uma história tão rica e um trabalho com esta dimensão. Os textos dos minérios tb. dariam uma otima brochura. Parabéns a todos os intervenientes que assim nos ajudam a gostar mais do torrão Natal, precisamente porque conhecemos melhor a sua história.
ResponderEliminarRequalificação do antigo salão? já foste!
ResponderEliminarJá dá para visitar o salão renovado? Ficou lindo! Em boa hora este padre nos iluminou. Obrigado.
EliminarSerá de crer que estes imbecis dos extremistas de Paris não sabiam que não iam conseguir ver o por do sol de hoje? Ainda muito duraram eles! É pena. Estes ignorantes mereciam sofrer más um bocadinho.
ResponderEliminaramarra-los esta noite a um freixo da Lameira de Cima, sem roupa, a ver se conseguiam chegar amanhã. Se por mero acaso resistissem, aí então era excomungar-lhes os c*rnos à pedrada a estes filhos de uns grandes maoméééééééés! .
EliminarParabéns António Paulos.Compilados estes textos samarras,já temos um livro sobre nossa bela aldeia.Excelente trabalho.Jeremias,João e Lais Carapito.
ResponderEliminarPelos comentários anónimos e a desproposito k por vezes faziam às crónicas, ou melhor dito. aproveitando-se do espaço k as crónicas abriam, cheguei a a pensar k o Sr. Apaulos, k sei quem é embora nunca tivesse falado com ele, se chateasse e deixasse de nos trazer estes desconhecidos e belos textos. Duplamente obrigada por não ter desistido e por tudo o que fez para k olhemos para a nossa aldeis com outros olhos, até porque tb. não vislumbro ninguém que o quisesse fazer de uma maneira altruísta.
ResponderEliminarVê lá se aprendes a escrever, essa porra dos K´s são uma idiotice pegada.
EliminarE a insonhada "História de Santa Eufêmia", com estas 4 crónicas, que em alguns dos itens nos reaviava a memória dos lugares de infância, aqui está para memória futura. O que dizer disto?
ResponderEliminarBem-haja ao seu autor.
Quando relei-o estas cronicas faço como se fosse pela primeira vez e sempre aprendo algo mais e aprendo a gostar mais da terra das minhas origens. Obtigada pela dedicação e pelo património que nos revela.
ResponderEliminarTerminada a procissão,seguia-se a descarga do fogo de artifício, que durava cerca de meia hora, prática que foi proibida pelas autoridades civis, há já uns anos, devido ao perigo de incêndios nesta época do ano. De madrugada e ao fim do dia, já à noite também havia descarga de foguetes, sobretudo os de “lágrimas” e o perigo de incêndios era praticamente nulo pois a lenha que hoje se vê por todos os cantos, não existia, dado que era apanhada para se queimar à lareira, pois ainda não havia fogões a gás nem eléctricos.
ResponderEliminarAté as coisas boas e lindas que tinhamos foram sacrificadas com o progresso destas industrias. Fiquemo-nos com as memórias que estas ninguém no-las pode roubar.
Hoje com foguetes era impossivel fazer a festa, não haveria dinheiro que chegasse.
EliminarLer e reler estas crónicas, transportam-me aos dias de infância, uns felizes outros menos, mas foram os meus e de muitos garotos e garotas Samarras do meu tempo e hoje são recordações que vividas à mossa maneira nos enchem de saudades, ainda por cima neste dia finados.Bem-hajam.
ResponderEliminarAlguém sabe ou ouviu dizer o que foi feito dos dois sinos da Torre Sineira da Ermida? Obrigado
ResponderEliminarLembro que estamos a 12 dias (02.12.2018) de comemorar os 250 anos da conclusão da ampliação e remodelação da nossa IGREJA MATRIZ. Saudações para toda a comunidade Samarra.
ResponderEliminaro padre & companhia apenas quer saber da ocultação do processo da execução fiscal do património da ermida
EliminarSamarras, ele bem alerta, será que vamos ficar no "tanto faz, logo se vê, que se lixe".
ResponderEliminarNeste tempo de COVID19 (confinamento), tenho passeado mais pelo BLOG o "SAMARRA" e tenho-me maravilhado com algumas das crónicas que aqui nos trouxeram, o que foi só possível pelos que criaram o Blog e por quem se dispõe a escrever e partilhar o que era desconhecido ou esquecido para a maioria dos Samarras e de certo que o fazem com muito trabalho, pelo que quero louvar o altruísmo com que o fazem e acreditem que são dignos da estima de todos nós e à boa maneira dos nossos BEM-HAJAM.
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