O Lenhador, parte II

Como já foi aqui relatado, uma das profissões em voga actualmente na nossa aldeia é lenhador - com a especialidade de cortar lenha de outros, sem permissão e sem ser apanhado. Só por curiosidade, noutras regiões do país, tais criaturas denominam-se por ladrões. De salutar estas extraordinárias idiossincrasias do nosso ilustre povo. São estes singularidades que nos distinguem dos demais. E é tão bom. 

 A actividade continua em franca expansão e os episódios de furto têm-se multiplicado.

Acontece que desta vez um dos casos foi denunciado às autoridades. «Batotice», dirão uns, ou «qual é o mal de cortar um carrasco adulto pelo toro sem a permissão do dono», questionarão outros! A árvore tem dono? Certo. Corre-se o risco de ser apanhado? Por mero azar, acontece. Mas não é também verdadeiro que o Governo está a notificar a população e as entidades locais para a limpeza de mato para prevenir os incêndios!

Lá está. O referido artigo enquadra-se nesta premissa. Trata-se então de prevenção aos incêndios. Avisar apenas os larápios que não podem deixar os sobrantes espalhados pelo terreno. Além do tronco também devem acautelar os galhos mais pequenos.

Pegar num tractor agrícola, com reboque, invadir o terreno alheio, cortar uma árvore protegida em tempo recorde, deixar os sobrante espalhados pelo terreno, regressar a casa feliz da vida porque não foi apanhado, esconder o gamanço, acender a lareira aproveitando o calor de 3 cavacas, já secas, usurpadas na época passada e beber um tinto, é o plano perfeito.

De seguida deitar-se e dormir descansado com a consciência que tudo fez para honrar o dia.

 O pior… é o que está para vir.