Eufêmia, nome de uma santa, nascida em 288 d.C., na Calcedónia, Bitínia, depois Constantinopla e hoje Istambul – Turquia, filha do senador Filofrónio, que foi educada nos ideais cristãos. 
Era Imperador Romano Diocleciano (284-305), que moveu grande perseguição aos cristãos da Igreja primitiva.  
A bela e destemida jovem Eufêmia, apesar do Governador Prísco, da cidade, a ter tentado demover das suas convicções, ela declarou-se batizada e fiel à doutrina cristã, o que lhe valeu torturas cruéis por parte do Governador e este, ruído de vergonha e raiva, por não a conseguir demover das suas convicções, mandou que a atirassem à cova dos leões e estes, reza a lenda, que lhe estenderam as suas caudas para que se sentasse mais comodamente. Em face do desespero e raiva do Governador, o carrasco trespassou o coração da virgem e mártir Santa Eufêmia. 
O culto em seu louvor rapidamente se estendeu por toda a cristandade.
 

Mural que mostra o martírio de Santa Eufêmia. Na basílica de Santa Eufêmia em Rovini na Croácia.



O Concílio Ecuménico de Calcedónia em 8/10 a 1/11/451, foi realizado na igreja onde estava o sarcófago com o corpo de Santa Eufêmia, cerca de cento e cinquenta anos após a sua morte. Os participantes de todas as igrejas cristãs locais em nº. 630, ortodoxos e monofistas, que mantiveram acesas discussões sobre as naturezas de Cristo. 
O Patriarca de Constantinopla, Anatólio, sugeriu que se submetesse a decisão ao Espírito Santo, agindo pela intervenção de Santa Eufêmia. 
Cada um dos grupos escreveu as suas confissões de fé e colocaram os rolos na tumba da santa, que foi selada e lacrada com o selo do Imperador Marciano (450-457) e guardada por um guarda durante 3 dias. Aberta a tumba, o rolo dos ortodoxos estava na mão direita de Santa Eufêmia e o dos monofistas estava a seus pés. Então proclamou-se as duas naturezas de Jesus Cristo, a Humana e Divina numa única pessoa do Verbo, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. 

Cerca do ano 800, os cristãos terão levado o seu sarcófago para parte incerta, com receio que o Imperador Nicéforo, que era contra os símbolos religiosos o fizesse desaparecer e, possivelmente, mais tarde os pescadores tê-lo-ão levado para os seus barcos, tanto que em Julho desse ano, foi retirado do mar, por pessoas que com surpresa o avistaram nas costas do mar Adriático, sarcófago que foi levado para uma igreja da cidade de Rovini, hoje na Croácia e após a abertura do mesmo, viram o corpo intacto de uma jovem e um pergaminho que dizia: “HOC EST CORPUS EUFEMIAE SANCTE, virgem e mártir da Calcedónia, filha de um nobre senador, nascida para o céu em 16 de Setembro de 304 A.D. 
É venerada na Basílica de Santa Eufêmia em Rovini – Croácia. Os ortodoxos crêem que as suas relíquias estejam na igreja de S. Jorge em Istambul. 

Hoje, Santa Eufêmia, é nome de algumas freguesias, localidades e santuários, por este Portugal fora. Passando ao lado dessas freguesias, localidades e locais, debrucemo-nos sobre, a nossa freguesia de Santa Eufêmia, localizada no concelho de Pinhel – Guarda; que após a legislação da reorganização administrativa do território das freguesias, Lei, No 22/2012 de 30 de Maio, passou a denominar-se de “Freguesia do Vale do Massueime”, que aguarda a correcção para “Vale de Massueime”, agregando as freguesias das povoações vizinhas do Sorval e Póvoa de El-Rei.


Por nos parecer oportuno, vamos referir uns parágrafos de uma crónica de 18 de Abril de 2013, As Minas de Massueime, os Mineiros Samarras, do Ambligunite ao Urânio” - 3ª. parte, para quem não tenha tido acesso à mesma.  
Quando éramos garotos e nos deslocávamos com o “vivo” para estas pastagens no lugar da Torre, recordo-me de termos reparado numa “era” num barroco e os cacos de cerâmica e de barro eram muitos e numa vasta extensão. Mais tarde, já como estudante descobri ali, gravadas num barroco, duas palavras, cujo registo ainda guardo num pequeno apontamento e que anotei como sendo: LHADEOIT e TABANICU.

Recentemente, 2004, os arqueólogos dizem-nos:  
“Villa Romana, (Habitat Calcolítico e Idade do Bronze), ocupando uma área de cerca de 7 hectares, correspondendo a uma villa romana ou uma aldeia com uma villa nas proximidades. Tendo em conta o aparecimento de sigillata clara D, apontamos para uma ocupação do local pelo menos no século IV-V., d.C. Foram observados vestígios de cerâmica de fabrico manual, bases de   colunas, pedras de canais e escória, etc.. Cerca da estação localiza-se uma inscrição gravada com duas hipóteses de leitura:   
 1- DI(S) LEIA DEDIT PABANICUS (vel PARANICUS).  
 2- DI(S) LEIA DEDIT PABANIC(us) (vel PARANIC(us) 
    V (otum) s (olvit).  
 1- Pabanico (ou Paranico) ofereceu aos deuses Leia e   
 2- Leia ofereceu aos deuses e Pabanico cumpriu o voto.”  
(Fonte: Direcção-Geral do Património Cultural).  


Terá sido neste local, por onde passou a estrada militar Romana de Almeida a Lamego, que os nossos maiores terão dado início ao que mais tarde viria a ser a actual aldeia, ainda que mais tarde, se deslocalizasse para o vale e depois reunida em torno da Casa Fidalga. Desde os nossos avós, que sempre ouvimos dizer que a aldeia se deslocou lá do alto, por causa do grande número de formigas que atacavam as crianças.   
A tradição vale o que vale e muitas vezes vale mesmo muito, pelo que, não quisemos deixar de referir, aqui, este registo que recebemos e retemos dos nossos antepassados.  
À parte estas legítimas suposições, o cemitério antigo localiza-se perto destas terras da Torre, sendo o local da sua localização denominado de Sant’Ofêmia e neste, ainda foram sepultados Samarras até meados do século XX.   
No entanto, a data mais antiga que se conhece e que hoje podemos enquadrar na Santa Eufêmia dos nossos dias, reporta-se a 1203 como mais adiante veremos.   
O espaço - local do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, mosteiro masculino dos monges bernardos da Ordem de Cister, na freguesia de Salzedas – Tarouca, foi-lhes lhes doado pela mulher de D. Egas Moniz no   século XII, tendo o primitivo Mosteiro sido ampliado nos séculos XVI XVII e XVIII e hoje é património Nacional.  
Quem foram estes monges que, na Idade Média, acompanharam e tanto influenciaram a formação do território, que viria a ser o nosso torrão natal?  
A sua origem remonta à fundação da Abadia de Cister em Borgonha - França, em 1098, por Roberto de Champagne, monge beneditino, em Molesme, nos confins de uma floresta, num lugar inóspito, agreste e   austero.   
Mais tarde Bernardo de Fontaine (São Bernardo), Abade Cisterciense de Claraval foi o seu grande impulsionador, daí os monges bernardos. 
Instalaram-se em Portugal em 1144, em S. João de Tarouca, um ano após a fundação do país. Tiveram em Portugal 20 mosteiros masculinos e 15 conventos femininos, entre eles: o Mosteiro de Alcobaça (1153) e o Convento de Odivelas (1295), que foi acarinhado por Rainhas e Infantas.


Mosteiro de Stª. Maria de Salzedas.

A existência de um curso de água, um lago ou boas nascentes era condição essencial para se instalarem, pois eles promoviam simultaneamente o cristianismo, a civilização ocidental e a valorização das terras, daí terem-se instalado no leito do rio Torno – Tarouca. Não será por acaso que em Santa Eufêmia também procuraram boas terras e água, como as que existiam na actual Senhora das Fontes.   
Os Cistercienses deram à igreja católica 5 Papas; o primeiro foi o Papa Beato Eugénio III (12/02/1145) e o último o Papa Bento XII (22/12/1334).  
A extinção das ordens religiosas, proposta pelo ministro da Justiça, Joaquim António de Aguiar o “Mata Frades” verificou-se pelo Decreto de 30/05/1834 assinado pelo Rei D. Pedro IV. Já em 03/09/1759 os Jesuítas haviam sido expulsos por ordem do Marquês de Pombal, sendo rei de Portugal D. José, o que levou a que os monges cessassem a sua actividade em Portugal, os mosteiros caíssem em ruínas e a ideia de criar um mosteiro na Ermida, da nossa, Senhora das Fontes, não passou das consultas que o Príncipe Regente D. João, em 9 de Março de 1805, mandou fazer ao corregedor da Comarca de Pinhel, que inquirisse, se os terrenos onde estava implantada a Ermida da Senhora das Fontes, casas anexas e cercas, pertenciam aos Irmãos Domingos de São José e José de São Paulo, que se diz aí habitarem, ou se lhe foram doados e por quem. A intenção era implantar ali um hospício de religiosos reformados da Província da Conceição, pertencentes à Ordem dos Franciscanos.  
Diz-se que as informações do corregedor não favoreceram o intento e esta consulta, ficou por isso mesmo.  
Em 1833, o Irmão Domingos de São José, como que adivinhando o que se estaria a prepara com a borrasca liberal que aí vinha, resolve fazer o inventário, de todos os bens e alfaias que pertenciam à Ermida e envia-o ao Governador da Diocese dizendo-lhe que um dia poderia a vir a ser de utilidade e necessário; o que de facto veio a acontecer, pois a Câmara de Pinhel em 1834 apoderou-se de tudo o que havia de valor na Ermida.   
A instância do venerando irmão, aquela recebeu ordens para devolver todos os bens novamente à Ermida.


A aldeia vista da Ermida de Santa Bárbara, vendo-se ao fundo e bem longe a Morofa - 2014.

Efectivamente, na génese desta nossa actual Santa Eufêmia, como localidade organizada, terá estado o Mosteiro e os seus Abades, pois o mais antigo diploma respeitante a esta freguesia é, quanto se conhece, de 1203 e respeitante a uma aquisição do Mosteiro de Salzedas, 59 anos após chegarem a Portugal, em que o abade de Salzedense, D. João Fernandes, comprou a Martim Queiriga e sua mulher D. Godinha, certos herdamentos, na granja (a actual Ermida?) e Vales de Santa Eufémia. E outras aquisições se seguiram por cá, pelo Mosteiro que domina a história medieval desta freguesia.   
Um outro documento datado de 1211, traz como pontos de referência uma vasta propriedade adquirida pelo Mosteiro no sítio denominado de Castelo, sítio alto e que pode aludir a um castro, castro que efectivamente se situou nas terras que foram da Ermida e que, ainda são conhecidas como Tapada dos Ermitães ou Torre; refira-se que também adquiriram propriedades nas povoações limítrofes de Santa Eufêmia e que algumas delas ficaram sob a tutela do Morgadio de Santa Eufêmia.  Quanto à paróquia, terá sido instituída pelo Mosteiro de Salzedas em 1225, pois é desta data a primeira a apresentação de Abade aí feita por este mesmo Mosteiro, acto que terá a sua justificação nas numerosas possessões deste, em Santa Eufémia e arredores, desde meados do século XIII. 

Em 1242, o Mosteiro de Salzedas, para desenvolver a povoação deste seu domínio longínquo, fez carta de povoação, passada pelos abades D. Guilherme e D. Vicente, a três indivíduos, de nomes Fernão Mendes, Pedro Gonçalves e D. Múnio do próprio lugar de Santa Eufêmia, os quais deviam diligenciar para aqui se estabelecerem trinta famílias, cada uma das quais devia ter o seu casal e pelo menos dois bois ou um cingel. Esta carta é o principal agente do progresso medieval da povoação de Santa Eufêmia, permitindo dizer que, os abades da Ordem de Cister acompanharam o repovoamento medieval da nossa terra.  
Quanto à paróquia e à Igreja, debruçar-nos-emos mais à frente nesta crónica.   
Também as aquisições por parte do Mosteiro continuaram; em 1300, o abade Salzedense, D. Estêvão Peres, afora certos haveres em Santa Eufêmia, a Martins Anes e em 1338, afora outros a Francisco Vaz.  
Em 1311 o abade D.Martim Mendes fêz uma permuta com D. Áldara de Pinhel, em que o Mosteiro cedeu a esta “dona” o que possuía em Pala e Frexeneda e ela cedeu o que possuía em Santa Eufêmia.   
D. Áldara terá sido senhora de quase todo o vizinho lugar do Vieiro, que em 1293 havia doado ao Mosteiro, recebendo apenas em vida um herdamento.  
Desde de 1334, o Mosteiro terá deixado de apresentar os párocos de Santa Eufêmia.  

O “prazo” de Santa Eufêmia terá sido estabelecido, no reinado de D. João III (1521-1557), a favor de D. Guiomar Fernandez, casada com o Dr. Luiz Annes de Carvalho ou Luiz Annes Cortez de Carvalho, que foi Chanceler- Mor do Reino.   
Terá sido senhor da quinta de Guivains, que herdara de seu pai, cerca de Lamego e perto do Mosteiro. Diz-se que fora criado do Abade Comendatário de Salzedas e que lhe namorara a filha, pelo que fugiu para Castella, onde se graduou em Leis e no tempo em que no Reino se estabeleceu em definitivo a Universidade de Coimbra, 1537 no reinado de D. João III, foi convidado para colaborar nesta Universidade, mas declinou o convite por causa da ofensa que tinha feito ao Abade Comendatário; mas El-Rey mandou-o vir e fê-lo casar com D. Guiomar a filha do Abade de Salzedas, D. Braz de Cimbres, que lhes deu em dote, além de outras propriedades e valores, o Morgado de Santa Eufêmia e propriedades no vizinho Vieiro. Teve o título de “Moço Fidalgo”, dando assim, inicio aos “Fidalgos de Santa Eufêmia”, que se prolongou por várias gerações até à   primeira década do século XX. 
As terras de Santa Eufêmia, como podemos ver; pertenceram ao Mosteiro e aos fidalgos, os quais por sua vez doaram algumas à Senhora das Fontes, via Ermitães para sustento desta Ermida.  
António de Carvalho de Vasconcellos Cortez, o 4º fidalgo, natural de Santa Eufêmia e bisneto dos primeiros fidalgos, terá sido quem concluiu o Solar cujas obras terão sido iniciadas no século XVII. Casou em segundas núpcias com uma prima D. Guiomar da Cunha Freire, natural da Vermiosa que faleceu a 9 de Setembro de 1676 e está sepultada na sua capela do lado direito de quem entra pela porta principal.  
Muitos outros, fidalgos e familiares, foram sepultados na capela do Solar.


O Solar, de onde sobressai o portal da sua imponente capela (2014).

Quatro gerações depois, todo o património foi herdado por D. Maria Antónia Cortez de Carvalho S. Payo e Vasconcellos, filha de Manuel António Cortez de Carvalho e Vasconcellos (8º. fidalgo) que faleceu no Solar em 2.02.1793 e está sepultado na capela. 
D. Maria Antónia, a “Condessa” nasceu em 1755 e casou em 17 de Setembro de 1775, com João Rodrigues de Sá e Mello, na sua capela, tendo sido celebrante o primeiro bispo de Pinhel D. Cristóvão de Almeida Soares. 
Terá falecido pouco depois de 1830 e não tendo descendência, e os filhos das suas irmãs ao serem registados com os apelidos dos seus maridos, acabam assim os apelidos “Cortez de Carvalho” nos fidalgos de Santa Eufêmia, para darem lugar ao apelido de “Amaral Cardoso”. 

No inicio dos anos trinta do século dezanove, surgiram prolongadas demandas entre os seus sobrinhos pela herança que veio a ser administrada, por um dos sobrinhos, António José de Albuquerque do Amaral Cardoso, da casa do Arco em Viseu, que não residiu em Santa Eufêmia. Nasceu em Viseu em 10/07/1785 e faleceu a 01/08/1839.   
Terá sido aqui que começou a degradação do Solar e o descambar do Morgado, pois os seus sucessores também não fizeram vida no solar de Santa Eufêmia.  
Sucedeu-lhe na administração do Solar, o filho primogénito, António de Albuquerque do Amaral Cardoso nascido a 03 de Abril de 1814 em Viseu e  faleceu em 07 de Março de 1859.  
A este sucedeu-lhe seu filho, com igual nome, António de Albuquerque do Amaral Cardoso que nasceu a 16 de Outubro de 1843, fidalgo da Casa Real por sucessão. Não habitou no Solar tal com o seu pai e avô.   
Consta que o desgoverno e o vício do jogo levaram-no a recorrer a usurários perdendo todos os seus avultados bens, incluindo o Solar que viria a ser alienado na primeira década do século XX. Em 12 de Março de 1911, falecia aquele que foi o 12º. e último fidalgo de Santa Eufêmia, ao longo de, quase, quatro séculos.  

Cerca de 1912 o Solar e todo o vasto património, que tinham em Santa Eufêmia e era mesmo tudo o que eram consideradas terras boas para o cultivo, foram vendidos, ao natural desta, António Manuel Celestino, por cerca de onze contos de reis.
Como esta transacção a Casa Fidalga, a “Casa Grande” como ficou a ser conhecida, voltou a adquirir novo fulgor, que se prolongou durante cerca de 40 anos, sob a batuta do grande timoneiro e voltou a decair, progressivamente, após o seu falecimento na década de 1950, dado que, apenas um dos seus 7 filhos; 4 mulheres e 3 homens, José Dias Celestino – o “Zezinho”, meu padrinho de Crisma, teve residência permanente em Santa Eufêmia, já que os restantes fixaram residência fora da aldeia.
A 25/05/1806 na capela do Solar fora administrado o Crisma a 97 pessoas pelo Bispo de Pinhel D. Bernardo Bernardino Beltrão, ainda descendente dos fidalgos; a propósito nestas famílias de fidalgos e seus descendentes verificou-se, que vários membros foram abades e freiras.

António Manuel Celestino, que ainda conhecemos muito bem e que nos tratava com certa simpatia, recordo um almoço com ele e toda a família no seu Solar no dia do meu Crisma; tem sido referido em algumas destas crónicas, pois também ele é incontrolável nos antepassados da aldeia.

Quanto aos seus filhos, o Manuel Dias Celestino - o “Manelzinho” emigrou para África – Moçambique, mas regressou à aldeia onde veio a falecer. Dizia ele, com o cigarro a chamuscar-lhe os dedos já amarelados, por via destes: “meu pai mandou-me a estudar, sete anos por lá andei, tirei o curso de fadista e em rambóia me tornei”, o outro filho, Américo Saraiva da Rocha emigrou para o Brasil, onde fez a sua vida e por lá faleceu.
Quanto às mulheres duas professoras Zulmira de Jesus Celestino – “D.Zulmirinha” que casou nas Souropires, cujo marido tinha o alcunha de o “morte” e Alice de Jesus Celestino – “D.Alicinha”, a benjamim da família, ainda entre nós, Maria Caetana Celestino – “Caetaninha” que casou nas Ervas Tenras e Maria de Jesus Celestino – “Marquinhas” que casou no Sorval e também nesta data, 2014, entre nós.
Em 1974, a ”Marquinhas” e seu marido, venderam a José Júlio, natural desta localidade, a sua parte da herança nomeadamente a quota parte do Solar e os outros irmãos, também foram vendendo os seus bens, verificando-se que a maior parte destes foi adquirida pelo referido José Júlio, o “Ti Zé Paleiro”.

O último a desfazer-se da herança cerca de 1996, foi o “Zezinho” que, por ser só, se recolheu ao Lar da Santa Casa da Misericórdia na Guarda.

José Júlio, ainda em vida, dividiu os bens pelos seus 6 filhos, tendo o Solar sido dividido por três sortes que couberam a Joaquim Ribeiro Júlio, a que fica junto à capela e a que cada uma das partes correspondem duas janelas para a fachada principal, cabendo a Manuel Ribeiro a fracção das duas janelas do meio, cujo interior já remodelou por completo e cujas obras começaram pelo telhado até às lojas e a José Júlio Ribeiro a parte que encosta à varanda e na qual residiu o seu pai até ao seu falecimento.

Em 2013 José Júlio Ribeiro permutou a sua parte do Solar, com outros bens rústicos que couberam ao seu irmão Teodoro José Ribeiro.

Os outros herdeiros de propriedades rústicas são Delfim Ribeiro Júlio o primogénito dos irmãos, nascido em 1944 e o mais novo António Ribeiro Júlio, que além de outras propriedades também herdou o lagar de azeite que remontava ao tempo dos fidalgos e que entretanto, remodelou e modernizou, o qual se situa na Ribeira de Massueime, entre esta e o monte que ali se eleva, onde também tinham o moinho de cereais com três pedras, que já havia sido adquirido há cerca de 100 anos pelo avô materno dos atrás referidos, Francisco António Ribeiro o ti “Chico Moleiro”.

O edifício anexo, que a grande varanda ligava ao Solar, já havia sido vendida ao um professor, conhecido como o professor velho e mais tarde uma parte, alienada a Francisco Manuel de Carvalho, o homem dos minérios de estanho, scheelite e volfrâmio, até cerca de 1940, actividade que foi continuada pelo filho, J.M. Carvalho, que já colaborava com o pai a e que viria a adquirir a parte restante do casario, ficando proprietário do quarteirão, onde residiu com a esposa D. Aurora Azevedo de Carvalho e por morte de José Maria de Carvalho, os seus herdeiros foram os filhos, o advogado Hermínio Azevedo de Carvalho nascido em 1945, o primogénito, “meu irmão de leite”, com escritório em Lisboa e o médico Carlos Azevedo de Carvalho, que exerce actividade em Coimbra. Tal como outros Samarras na diáspora, para ali se deslocam em retiro de mata saudades e para recarregarem baterias e recuperarem as lembranças de crianças, o cheiro do “húmus que será a seiva fecunda da nossa razão e identidade – HAC”.
Recuperada em parte a nossa identidade colectiva, voltaremos para descrevermos, as nossas ermidas, cruzeiros, cruzes e paróquia de Santa Eufêmia.




Referencias Bibliográficas, que se mantêm nos restantes textos que esta crónica tiver:
- As memórias de ”elefante” que alguns Samarras nos transmitiram, e a troca de  impressões com outros.
- Ilídio da Silva Marta – “A  Ermida de Nossa Senhora das Fontes no Concelho de  Pinhel” -  Edição de Autor - 1941
- Augusto Pinho Leal –“ Portugal Antigo e Moderno  (Dicionário) “
- João Carlos Metello de Nápoles, Jorge Metello de Nápoles e Suzana Metello de Nápoles- “ Solares e Casas Nobres do Concelho de Pinhel”. -  Edição-  Município de Pinhel e Autores - 2006.
- Felgueiras Gaio –“ Nobiliário de Famílias de Portugal – Tomo IX”.
- "Grande Enciclopédia – Portuguesa e Brasileira”.
-  Arquivo da Paróquia de Santa Eufêmia
- Pedro I. Fernandes -  na ajuda nas pesquisas.




Setembro 2014 (43)
Apaulos



17 comments Blogger 17 Facebook

  1. Há já uns tempos que não aparecia, mas valeu a pena esperar, ficamos a guardar as próximas como prometido. Apaulos será que vamos ficar aqui com um compêndio da história da Aldeia Samarra? E para concluir uma grande Bem - Haja pela dedicação demonstrada nas crónicas que nos tem trazido. Obrigada

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  2. lindo! Simplesmente genial. Desconhecia muito do que aqui li. Li com grande emoção parte da história da minha terra, parte de nós, parte de mim.
    A história desta aldeia merece ser preservada e contada, é bom que os atuais samarras honrem o nosso passado.

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  3. António
    O teu estudo e análise histórico descritiva da nossa terra e da nossa querida Padroeira, onde as raízes nos chamam sejam quais forem as distâncias, não pode deixar de ser considerado como notável e precioso, em que todos nós, que somos dessa rude mas pura região que o Torga e Aquilino tão bem narraram e com a sua prosa inigualável engrandeceram, nós nos revemos com orgulho.Obrigado António pela notável preservação descritiva desse admirável património que é uma memória que nos pertence e que partilhamos contigo com gratidão.

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  4. Parabéns, aguardo com muita expectativa a continuação desta extraordinária descrição. Jamais
    sonhei como teria sido, venha a continuação. Obrigado

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  5. Curiosa por saber mais da nossa rica história

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  6. Hoje, 1700 anos depois, tb. os cristãos do Iraque, vizinhos do chão de Santa Eufêmia e Santa Bárbara, dizem: preferimos morrer do que esconder a nossa Cruz.

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    1. A fé racionada é o caminho... O fanatismo religioso só gera mais discórdia. É importante que se veja "The Big Picture" é importante ter uma visão panoramica e não entre palas.
      Parabéns APAulos, continua.

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  7. Parabéns António Paulos.Mais uma belíssima compilação desta nossa querida terra.Valeu !

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  8. Voltei.

    Conseguiram aguentar as saudades?

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    1. precária?

      Quanto ao texto, está muito bom. Parabienes e finalmente temos a história completa.

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    2. andei a pão e água todo este tempo, Controverso

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  9. e aquela estória da argola que estava presa no solar para sacrificar não sei quem?!!

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  10. Obrigada pela partilha de conhecimentos e pesquisas. Aguardamos a segunda parte. Bjinhos :)

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  11. Foi pena terem cortado a parte de cima do PORTAL da Igreja que é espectacular sobretudo porque era o portal de uma capela. Acho que esta pode ser substituida por outra que mostre a frontaria por completo. Desafio a um fotografo Samarra.Boas Festas da nossa Padroeira.

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  12. Consta-me que estas 4 crónicas já estão todas numa! Mas não a encontro, quem me diz como a possso ler todas seguidas? Obrigada.Boas festas Pascais.

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  13. Consta-me que estas 4 crónicas já estão todas numa! Mas não a encontro, quem me diz como a possso ler todas seguidas? Obrigada.Boas festas Pascais.

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  14. Ao entrar no Blog "Samarras e amigos de santa eufêmia" fui surpreendido pela triste notícia que o João ali nos deixou; o falecimento do ZÉCA, José de Paula Monteiro. Ao seu pai Sr. João Monteiro, sua esposa filhas e netos e suas manas e manos e demais familia os meus sentidos pesames e da família de Gilberto Paulos e que a Senhora das Fontes te tenha conduzido até ELE para te sentar junto dos justos. Como, por opção, não tenho facebook,não consigo escrever no blog do João e aproveito esta crónica para aqui deixar estas letras sentidas. Foi precisamente na festa da Senhora das Fontes, que, conversando com o amigo José Raposo Ferreira, me disse que tinha estado a almoçar com o Zéca e com o Pe. Ricardo, o que serviu para eu dizer; gostava de ver esse rapaz pois há já muito tempo que não o vejo e o JRF disse, ainda há pouco antes da missa, se cruzaram no portal da Capela Mor. Recordo que o Zéca era afilhado do Pe. José Bernardo que foi pároco da Santa Eufêmia, no período em que ainda eramos garotos e que faleceu recentemente com uma proventa idade e foi ele quem levou o afilhado a entrara no seminário do Fundão e esta ação fez com que alguns pais também procurassem que os seus filhos, com alguns estudos, pudessem ter outro modo de vida, que não o trabalho na terra ou a emigração, tendo pelo meio o cumprimento do serviço militar, a que ninguém escapava por causa ada guerra no Ultramar.Como apareceram por esta altura as ordens religiosas a recrutarem jovens para os seminários, pois estudar no liceu da capital do distrito era uma quimera, por vários motivos e o primeiro era a falta de recursos. De todos estes jovens, apenas um chegou ao sacerdócio e hoje apenas restam dois diáconos, que depois de terem exercído a sua vida profissional e já reformados estudaram e candidataram-se a este múnus, o Pedro Fernandes e o Zé Tenreiro. O ZÉCA foi o porta bandeira destes jovens, hoje avós e pais do alfobre de Drs. Samarras, mais de meia centena, quase tantos quantos os habitantes residentes da aldeia à data. ZÉCA RIP. Apaulos

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