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Sem gente, ficam as casas. Embora por razões distintas, o interior do país rivaliza com o Algarve e outros concelhos do litoral num indicador: a percentagem de casas de segunda habitação. Das 26 freguesias que têm mais de 70 por cento das casas desocupadas na maior parte do ano, mais de metade são do interior, estando em pé de igualdade – embora por motivos obviamente distintos – com Armação de Pêra, Carvalhal (península de Tróia), Quarteira, Torreira ou Moledo. No concelho da Pampilhosa e Sabugal existem mesmo mais casas do que pessoas residentes.



Há outro aspecto em comum: a especulação. Nos últimos anos tem havido, de facto, uma corrida às casas de campo ou em pequenas aldeias, mesmo do interior mais profundo, por parte da população urbana, com os efeitos perversos que se imagina quando a procura é elevada. Desde a mais imponente herdade alentejana até à mais degradada casa do interior remoto, os preços colocados no mercado chegam a atingir preços completamente absurdos. É a alma citadina que ainda não se libertou da ruralidade, mas que não consegue mudar-se da urbe.
Num inquérito de 1997 do Observa – uma entidade ligada ao Instituto de Ciências Sociais e ao ISCTE – revelava o “corpo urbano” e a “alma rural” dos portugueses. Contrariando a tendência de migração para as Áreas Metropolitanas e cidades do litoral, os portugueses consideravam que se vive melhor exactamente nos sítios de onde mais saem: no campo e nas aldeias. Com efeito, cerca de 42 por cento dos portugueses dizia então que gostaria de lá viver, enquanto que apenas sete por cento mencionava, como locais preferenciais, as grandes cidades e somente quatro por cento a praia. No campo, as pessoas valorizavam, nesse inquérito, sobretudo a calma (26 por cento), a beleza e o aspecto saudável (23 por cento) e a proximidade com a Natureza (18 por cento). Em contraponto, num segundo inquérito do Observa, feito há cerca de dois anos, as pessoas que desejavam sair das grandes cidades apontavam, como factores principais, o excesso de agitação e o stress (quase 70 por cento), a poluição do ar, ruído e lixo (cerca de 60 por cento), a criminalidade e falta de segurança (quase metade) e o excesso de trânsito (42 por cento).



Perante tanta vantagem do campo e tantas desvantagens das cidades, quais são então os motivos por que a generalidade das pessoas estão onde não querem e não estão onde desejavam? Existem várias explicações, mas nada melhor do que aproveitar novamente os resultados do segundo inquérito do Observa. Colocada a questão sobre o que faltava ao campo ou à pequena cidade do interior para ser um local mais atractivo para se viver em permanência, a maioria dos portugueses não teve dúvidas: maiores oportunidades de emprego e garantia de serviços de saúde. No caso do emprego, os resultados dos Censos mostram mesmo uma situação dramática em algumas regiões do interior. Cerca de quatro dezenas de concelhos tinham taxas de desemprego superior a 10 por cento. E o desemprego feminino ainda era maior: cerca de 20 concelhos registavam taxas superiores a 20 por cento. Outros factores também apontados no inquérito do Observa eram a falta de estabelecimentos de ensino para todos os níveis (citado por 34 por cento das pessoas), as carências em termos de acessibilidades e de redes de transportes (cerca de 30 por cento) e a pouca oferta cultural e de lazer (quase 25 por cento). Faltou-lhes focar outros problemas, como a falta de saneamento em muitos dos pequenos concelhos e aldeias, bem como a fraca qualidade da água para consumo.

in livro Estrago da Nação
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  1. gosto muito da primeira imagem sp. Para quando uma exposição com estas fotos lá na aldeia para toda a gente ver?

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    1. Felizmente este blog tem um fotografo várias vezes premiado, o próprio Samarra, que possui um arquivo que prima pela qualidade.

      Talvez um dia, com o alterar de cenários seja possível dar asas a ideias como a que referiu, um museu, monumento ao mineiro, entre outras sugestões já referidas e projectos enfiados na gaveta...

      Por enquanto cabe aos mais novos fazer chegar aos mais antigos o que se passa pelas terras da internet..

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    2. o monumento ao mineiro não está esquecido... É uma questão de tempo...

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