Alguns dos símbolos que nos fazem recordar os tempos de infância e que, fazem com que os migrantes, que tiveram de partir para se fazerem à vida, pelas partes mais recônditas do mundo, voltem com saudades sempre que surge a oportunidade e cada um tem, para nós, a sua história e alguns destes recordam histórias que são comuns a todos. 
Ao Chegarmos ao fim da reta dos Caijarotos e se inicia a descida para o Santuário da Senhora das Fontes ou se nos aproximamos da aldeia, pelo lado Norte, isto é quando vislumbramos a aldeia, ao chegamos à ermida do “Semhor dos Aflitos”, é como engolir em seco, como quando chegamos ao “Monte Scopus” em Jerusalém e visualizamos a cidade lá em baixo, onde sobressai a cúpula dourada da” Mesquita da Rocha”, se bem que o melhor olhar comparativo seria sem dúvida, da ermida de “Santa Bárbara”, com a aldeia a seus pés. 
A Casa de cada um, ………, que fazendo um todo quando se agrega no aglomerado que é a aldeia.

A Aldeia com a” serra da Marofa”  ao fundo

As casas onde todos, até cerca dos anos 60/70 nasceram, a quem já chamaram as Maternidades Samarras. Elas são o palco onde todas as cenas se passaram, desde o dia em que nos trouxeram para ali, leia-se desde que nascemos e que conseguimos recordar; dali nos levavam para as lides do campo, primeiro ao colo das nossas mães, que com todo o carinho nos colocavam num berço especial, no fundo de um rego, de chicharos, ou de batatas, embrulhados num xaile ou nas mantas das albardas das burras, enquanto elas, apressadas, procuravam despachar-se, para nos darem a botija com leite quentinho ou regressarmos a casa logo que possível, por vezes, debaixo de uma trovoada e era então que ouvíamos a oração, cantada/rezada à Santa Bárbara, que ainda hoje nos soa nos ouvidos!....
As cenas que vivemos, no lar de cada um, em casas confortáveis ou mais modestas, com mesas fartas ou nem por isso, cada um saberá recordar como foi!....

A Torre Sineira, é outro dos símbolos que nos traz diversas recordações, umas boas outras bem amargas, por nós ou por outros; a última vez que ouvi o som dos badalos dos seus sinos, foi dia 19 de Setembro 2016, e eram duas badaladas replicadas e anunciavam que uma Samarras nos havia deixado, neste caso, Aurora J. Azevedo (Carvalho), que dois dias antes completara 99 anos, RIP.

Por norma situam-se junto das igrejas, mas a nossa, pelas razões que conhecemos, encontra-se no ponto mais alto da freguesia, mas distante da igreja. Quantos aos prestimosos serviços, que tem prestado aos seus Samarras, ver crónica “ Homenagem aos Sinos da Torre da Nossa Aldeia” de 25.04.2012, neste Blog.

Fotos (AP2016)


Mesmo com os pilares graníticos que os suportam a denotarem que estão ali há séculos, eles continuam a cumprir a sua missão.


Cada badalada que debitam é motivo de escuta, para nos apercebermos o que eles nos querem transmitir. 

A actual Igreja, que foi durante séculos a capela da “Casa Fidalga”, e que em --/--/----, passou a ser a igreja matriz da aldeia, dado que a igreja de Santo André, de construção recente, à data, era exígua para a população de antanho e funcionou, como tal, durante pouco tempo. 
É ela um marco importante das nossas vidas, ali nascemos para a Fé em Cristo, por via do batismo quando os nossos pais e padrinhos o pediram para nós e é ali que somos encomendados ao Criador, tendo como testemunhas, os conterrâneos da aldeia, quando nos despedimos do chão que nos viu nascer.

Sobre a história possível da igreja, ver as crónicas Santa Eufêmia, as sua Ermidas, Cruzeiros e Cruzes, também no Blog. A 1ª de quatro, sobre o assunto, de setembro de 2014.


Duas perspectivas da igreja, no topo do Solar (Ap2016)

Não me canso de olhar para a maravilha deste portal,e altar-mor com mais de 4 séculos, este, que foi o portal de uma capela. (AP 2016)

Forno comunitário é outro ícone, por onde, durante séculos, todas as mulheres Samarras passaram a cozer o pão que punham na mesa da família e tal a sua importância, que embora, agora desativado, por via dos padeiros que trazem o pão à aldeia e não só, ganhou o direito a ter uma rua com o seu nome: Rua do Forno, que liga a Rua direita, a artéria que percorre toda a aldeia, à rua do Meio. Neste equipamento comunitário muitas histórias se passaram e se as/os seus protagonistas falassem dariam prosas para muitas crónicas. Ele cozia 24 sobre 24 horas e apenas exigia que o mantivessem quente.

Forno Comunitário

Também a “Fonte do Concelho” é digna de ser lembrada nestes símbolos, pois nunca se negou a matar a sede aos seus Samarras, quando outras já o não faziam em verões de canícula. Era ali que se enchiam os caldeiros, cântaros e regadores de água, para apagar um fogo que os sinos anunciavam com um repenicar alucinante, antes que consumisse a casa de um conterrâneo. Hoje desactivada, devido, assim o dizem, à radioactividade das suas águas. 
A cerca de 100 metros desta, e naquela que foi uma calçada romana, também os animais tinham a sua fonte para matarem a sede, o chafariz brasonado e várias vezes centenário, de águas ferradas.

Há centenas de anos que a água corre, corre e não se cansa de correr.

Também as “Cruzes e Cruzeiros”, cruzes à entrada de todos os caminhos da aldeia, chegaram a ser mais de 20, tinham a sua história, hoje resumidas a três, de ferro, pois as de madeira, foram vandalizadas ou destruídas pelo tempo. Também elas são referidas, numa das crónicas acima referidas.

Magnifico cruzeiro, 3 vezes centenário, junto aos cedros, que é contornado pela procissão no dia da festa. (Ap 2016)
A digna representante das cruzes de ferro, uma das três. Esta situa-se no fim da Rua do Outeiro.(Ap 2016)

A nossa ex-libris, que encima a capela da Ermida da Sra. das Fontes e única na região.. (peça única em granito)
Não, não me esqueci das nossas “Ermidas”, também elas descritas numa das partes da dita crónica, pelo que apenas as referimos com as fotos.


Capela principal da Sra. das fontes inaugurada em 1771.
O Ermitão, de joelhos, recebe das mãos do fidalgo que se faz acompanhar das três filhas duas das quais gémeas, a Ermida com todo o seu património e responsabilidades de cuidar desta. (Pintura que se encontra por baixo do piso do coro na igreja da Ermida)

Capelas de Santa Bárbara vigiando os seu s Samarras, lá em baixo.

Hoje, no seu interior, a que foi a fachada da primitiva Ermida do Senhor dos Aflitos. (2014)

A pequena ermida da Senhora da Ajuda e Senhora de Fátima, de edificações recentes.


A literatura sobre estas “Ermidas”, encontra-se nas respectivas crónicas.

Na Noite de Natal, a tradição mantêm-se.

Na Noite de Natal

A Nossa Padroeira no seu dia.

Três fotos, em tempos diferidos, que nos trazem imensas e gratas recordações.

Finalmente a casa que é de todos e para a qual não vamos, mas para onde nos levam, numa procissão de luto e dor, encabeçada pela cruz e bandeira das almas e há algumas onde, já moram para sempre 3 gerações, apesar de ser de construção recente, anos 1970.

A caminho da casa comum – Cemitério.( 2016)



O Cemitério”, onde descansam para sempre os restos mortais dos nossos maiores, até ao dia da ressurreição. S. Paulo diz-nos: “ E se nós temos esperança em Cristo apenas para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens (1Cor. 15.19)”. 
Durante séculos os Samarras foram sepultados no, agora, chamado cemitério velho, na Sant’Ofêmia, no alto da colina, que parte do actual cemitério e que fica perto do Castro Romano do século IV/V.

Cemitério antigo, no cima da colina.(2016)

Quando olhamos com olhos de ver, para estes “Ícones”, vemos mais história e mais encanto e conhecendo a identidade do nosso chão sentimo-nos mais deste lugar. 
Se nos orgulhamos destes Ícones, que os nossos maiores nos legaram, também temos o dever de tudo fazermos para os cuidarmos e mantê-los em bom estado e os podermos transmitir aos vindouros, para que eles, tal como nós, ali se desloquem em peregrinação de mata saudades.


Janeiro 2017 (61) 
Apaulos




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  1. Dito e repetido de uma maneira ou de outra é sempre agradável lê lo e recordar o que aqui nos traz caro Samrra. Bem haja

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    1. Crónica do Antonio Paul os.

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    2. Ele parece que vê coisa que outros não vêem nos quais me incluo e que passamos a ver. bem-haja mais uma vez, por tudo o que aqui nos deixa e que é verdade.

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  2. Mais uma do Apaulos e está tudo dito, venham mais Obrigada

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