As conclusões estão presentes num estudo coordenado pela Universidade de Aveiro. Se a actual tendência da evolução do índice de fecundidade se mantiver e não houver migrações, a faixa interior do país pode perder até 157 mil habitantes.


Em 2040, a população do interior sofrerá uma drástica redução. De acordo com um estudo coordenado pela Universidade de Aveiro (UA), no âmbito do projecto DEMOSPIN, a manter-se a actual tendência da evolução da natalidade e não havendo migrações, cinco regiões do interior norte do país (Beiras e Trás-os-Montes) terão, em 2100, menos 75% da população em relação a 2011 (463 mil pessoas). E já em 2040, perderão cerca de um terço dos habitantes (157 mil pessoas).

Eduardo Castro, professor na Universidade de Aveiro, coloca as duas zonas – que integram Fornos de Algodres, Gouveia, Seia, Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Sabugal e Trancoso – entre as cinco mais graves e no pódio das projecções mais preocupantes: «As projecções apontam para que, em 2040, as piores sejam o Pinhel Interior Sul, a Serra da Estrela, a Beira Interior Norte e o Alto Trás-os-Montes, por esta ordem», evidencia.

As 5 regiões mais afectadas pela baixa natalidade, são:
Pinhal Interior Sul (Oleiros, Vila de Rei, Sertã, Proença-a-Nova): perda de 35% da população até 2040 e perda de quase 50% da população jovem.
Beira Interior Norte (Guarda, Pinhel)
Alto Trás-os-Montes (Bragança)
Douro (Vila Real, Lamego)
Serra da Estrela (Gouveia, Seia, Manteigas)

Santa Eufêmia, Pinhel. População 172 (censos 2011).

Baixa fecundidade é um dos principais problemas.

As previsões apresentadas dizem respeito a populações fechadas, ou seja, sem migrações: «Sabemos da experiência passada e recente que, de forma geral, a tendência migratória é para a saída de população jovem, o que tornaria o quadro bastante pior», alerta o coordenador do estudo. Caso a tendência actual de evolução do índice sintético de fecundidade se mantenha, os resultados podem ser ainda mais graves: as cinco regiões anteriormente destacadas como as mais preocupantes correm o risco de chegar a 2100 com menos de 20 por cento da população que tinham nos Censos de 2011. Contudo, a recuperação desses índices para níveis de reposição geracional – ou seja 2,1 filhos por mulher – em 2030, permitiria alcançar populações estáveis e estacionárias em 2100.

Os jovens assumem aqui um papel importante: «Além de contribuírem para a perda de população quando saem, deixam-na mais envelhecida e diminuem o efectivo de mulheres em idade fértil», salienta o professor, entendendo que «a estimação para o futuro é uma consequência da actualidade». No entanto, a Cova da Beira (Belmonte, Covilhã e Fundão) «“porta-se” um pouco melhor por ter uma estrutura etária mais favorável», justifica. Já no que diz respeito a casos individuais, há um padrão que sobressaiu em alguns «estudos exploratórios a nível concelhio»: «Parece existir uma tendência para o reforço dos centros urbanos de maior dimensão e um esvaziamento ainda mais acentuado de outras áreas», indica, ressalvando que «por vezes também perdem, mas em menor percentagem, o que reforça o seu peso relativamente à população da região».

Para inverter este ciclo de perda populacional são necessárias «políticas fortes que decorram de decisões de investimento naquelas regiões, capazes de reter e atrair população jovem, seja através da criação de emprego ou de condições para que haja qualidade de vida nas regiões», considera Eduardo Castro, que aponta «as autoestradas com portagens, o fecho de hospitais, de tribunais, de escolas e de outros tantos serviços» como o alimentar do ciclo vicioso do despovoamento. «As políticas natalistas isoladas não surtem qualquer efeito», antecipa o responsável, alertando para a necessidade de fluxos imigratórios que compensem a perda populacional verificada no interior.

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