Noites longas
O Ti João foi passar umas férias a casa do seu compadre, a Cerejo. Pegou na burra e num cabresto, e fez-se ao caminho.
Ao passar por uma aldeia, perguntam-lhe:
- Olhe lá, para que leva um cabresto na mão?
- A burra andou ao burro, vou passar uns dias a casa do meu compadre e o cabresto é para quando nascer o burreco.
- E quando é que a burra andou ao burro, questionam.
- Foi ontem, responde.
Ao chegar a casa do compadre, este pergunta-lhe o mesmo sobre o cabresto.
Ele responde da mesma maneira.
O compadre preocupado, comenta para a mulher:
- Estamos chapados, então o compadre vem com o cabresto para o burreco que ainda nem sequer nasceu! Vai ficar aqui uma eternidade! Vamos pô-lo na loja, sem claridade, juntamente com o burro, e durante uns tempos não lhe dizemos quando é dia.
Assim foi, ficou dias e dias na loja escura e era sempre noite! Sentia barulho em cima da casa e pensava que para aqueles lados as noites eram maiores.
-Oh compadre ainda não é dia? Questionava ele para cima do soalho que cobria a loja.
- Ainda falta muito tempo compadre, respondia.
Farto e alguns dias depois:
-Oh compadre quando chegar o dia diga, quero ir para a minha casa, não passo aqui nem mais uma noite.
E assim foi, ao ouvirem isso eles abriram-lhe a porta.
No caminho de volta ao passar por outra aldeia, parou para repousar e perguntou a uns sujeitos:
-podem-me dizer se as noites aqui são tão grandes como na terra do meu compadre?
- As noites? Claro, são iguais.
- Futrique-se! Fiquem bem, boa noite.

(lenda samarra)

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  1. Também a conhecia, com mais ou menos pózinhos, mais uma que nos contavam nas noites frias de inverno à volta da lareira e que nos transporta à nossa meninice.
    Também por isso, obrigado.

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