BEIRA INTERIOR: Uma Região de Encontros

A Denominação de Origem Beira Interior foi criada a 2 de Novembro de 1999, resultado da aglutinação das regiões de Castelo Rodrigo, Cova da Beira e Pinhel, que passaram a sub-regiões desde então. Tem um passado histórico vitivinícola que remonta à fundação da nacionalidade portuguesa, está localizada no interior centro de Portugal, tem cerca de 16 000 hectares de vinhas e uma grande variedade de castas. Destacam-se nas brancas a Síria, Fonte Cal, Malvasia e Arinto e, nas Tintas, a Rufete, Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz.
Os vinhos são influenciados pela montanha, rodeados pelas serras da Estrela, Marofa e Malcata e pela altitude com variações entre os 400 e os 700 metros. Os solos são de origem granítica na sua maioria, sendo os restantes essencialmente de origem xistosa. O clima da região é muito agreste, com temperaturas negativas no Inverno e Verões muito quentes e secos. Desta combinação de factores resultam vinhos brancos de grande exuberância aromática e muita frescura e, nos tintos, vinhos com aromas complexos a frutos silvestres e especiarias, aliados a uma frescura marcante.
Esta região produz vinhos brancos, tintos, rosados e palhetes, bem como espumantes naturais de qualidade, contribuindo para tal a grande variedade de castas que têm permitido a descoberta constante de novos aromas e sabores.
Nos últimos anos, tem-se dado nesta região uma grande evolução relativa ao aumento do número de produtores e à qualidade dos seus vinhos. A Beira Interior quer afirmar-se como uma região de excelência e qualidade na produção de vinhos e ocupar o seu legítimo lugar juntamente com as grandes regiões vitivinícolas portuguesas.



Uma região em crescimento

As exportações de vinhos da Beira Interior representam 21,7% do total das vendas de vinhos DOC e VRB da região. Os maiores destaques nos mercados fora da União Europeia vão para EUA, Angola, Brasil, China e Canadá e, nos mercados da EU, para Reino Unido, França, Alemanha e Luxemburgo.
O crescimento das exportações de 2009 para 2010 foi de 19,9%, ultrapassando as 500 000 garrafas de vinho exportado. Em relação ao número de garrafas vendidas durante 2010, relativamente aos vinhos DOC Beira Interior, regista-se um crescimento de 41,6% quando comparado com o ano transacto; o que mostra o crescimento que a região está a ter, fruto da qualidade cada vez maior, dos vinhos aqui produzidos.Esta subida deve-se ao facto de haver na Beira Interior mais massa crítica e haver por parte dos operadores da região uma aposta clara na internacionalização dos seus vinhos. A região exporta vinhos para mais de 25 países e, apesar dos indicadores económicos não serem os melhores para 2011, a expectativa é que se consolide este crescimento global em número de garrafas de vinho DOC Beira Interior introduzidas no mercado e que a exportação continue a ser uma alavanca para o crescimento da região.
A aposta por parte da CVR da Beira Interior nos mercados terceiros, continuará a centrar-se nos EUA, Canadá, Brasil e Angola durante 2011.


Castas Brancas


A casta Síria é a mais plantada na Beira Interior. Evidencia uma distribuição geográfica peculiar, permanecendo no interior do país, alongando-se numa faixa estreita que corre de Norte a Sul, sempre junto à raia espanhola. É uma casta produtiva, de cachos e bagos pequenos, entusiasmante nos aromas primários, oferecendo muita laranja, limão e toranja sugestões de pêssego, melão, loureiro e flores silvestres. As terras altas e frescas da Beira Interior são-lhe mais favoráveis que o calor do Ribatejo e Alentejo,conferindo-lhe uma frescura e exuberância aromática ímpar.


É a terceira casta mais representativa dos encepamentos tradicionais da Beira Interior, a seguir à Síria e à Fonte Cal. É uma casta versátil, presente na maioria das regiões vitícolas portuguesas, sendo reconhecida pelo nome Pedernã na região dos Vinhos Verdes. Proporciona vinhos vibrantes e de acidez viva, refrescantes e com forte pendência mineral, e elevado potencial de guarda. A acidez firme será o principal cartão-de-visita da casta Arinto, garantindo-lhe a adjectivação de casta "melhorante" em muitas regiões portuguesas. . Apresenta cachos de tamanho médio, compactos e com bagos pequenos. É uma casta relativamente discreta, sem aspirações particulares de exuberância, privilegiando os apontamentos de maçã verde, lima e limão. É frequentemente utilizada na produção de vinhos de lote e também de vinho espumante.


A casta Fonte Cal é uma casta que só existe actualmente na Beira Interior, nos encepamento mais antigos sobretudo nas sub-regiões de Pinhel e Castelo Rodrigo, onde as suas qualidades se evidenciam de forma mais explícita. É uma casta medianamente produtiva, de maturação tardia e grande vigor vegetativo, apresentando cachos médios e muito compactos, com bagos verde-amarelados, proporcionando vinhos de graduações alcoólicas elevadas. Nos raros vinhos estremes produzidos a partir da casta, dominam os aromas florais e frutados, permitindo a composição de vinhos estruturados e densos, a que, tem no entanto, algum défice de acidez. Por isso, a casta Fonte Cal é utilizada maioritariamente como casta de lote, em conjunto com a Síria e o Arinto.


Uma das castas Brancas mais plantadas na Beira Interior, e uma das castas brancas mais plantadas em Portugal, ocupando uma mancha regular que se estende por todo o país.. A produtividade elevada, bem como a versatilidade, precocidade e riqueza em compostos aromáticos, ajudam a explicar a popularidade. Por ser uma casta muito plástica é utilizada igualmente em estreme e lote, aceitando ainda a espumantização e a vindima em colheita tardia, para a obtenção de vinhos doces. Por regra, os vinhos de Fernão Pires devem ser bebidos jovens. Sensível às geadas, prefere os solos férteis, de clima temperado ou quente. Os descritores aromáticos que lhe estão associados alternam entre a lima, limão, ervas aromáticas, rosa, tangerina e laranjeira.


A Malvasia Fina está presente no interior norte de Portugal, sobretudo no Douro, Dão e Beira Interior, comparecendo igualmente na sub-região de Távora-Varosa e Lisboa. É particularmente sensível ao oídio e moderadamente à podridão, míldio e desavinho, proporcionando rendimentos extremamente variáveis e inconsistentes. Os vinhos anunciam, por regra, sintomas melados, no nariz e boca, vagas notas de cera e noz-moscada, aliados a sensações fumadas, mesmo quando o vinho não sofre qualquer estágio em madeira. Os vinhos de Malvasia Fina são tradicionalmente discretos, pouco intensos, razoavelmente frescos e medianamente complexos. É uma casta de lote, na Beira Interior é usada como base para espumantes e vinhos Frisantes .


Castas Tintas


A casta Rufete é a mais plantada nos encepamentos tradicionais da Beira Interior, sendo popular nas regiões do Douro e Dão . É uma casta caprichosa e exigente, reivindicando condições muito particulares para poder dar o melhor de si. Sensível ao míldio e oídio, é uma casta produtiva, com cachos e bagos de tamanho médio. Por ser uma variedade de maturação tardia, tem dificuldade em madurar na plenitude, antes das chuvas do equinócio. Porém, quando amadurece bem, compõe vinhos aromáticos, encorpados, frutados e delicados, com um bom potencial de envelhecimento em garrafa. É uma casta utilizada maioritariamente como lote juntamente com a Touriga Nacional e a Tinta Roriz.


Actualmente nos encepamentos da Beira Interior mais recentes ( dos últimos 15 anos) é das castas mais plantadas. No passado, chegou a dominar a região do Dão, tendo sido igualmente relevante no Douro antes da invasão da filoxera, sabendo-se que hoje ambas as regiões reclamam sua paternidade. É uma casta nobre e muito apreciada em Portugal, a casta mais elogiada em Portugal, estando hoje disseminada por todo o território nacional. A pele grossa, rica em matéria corante, ajuda a obter cores intensas e profundas. A abundância dos aromas primários é uma das imagens de marca da casta, apresentando-se simultaneamente floral e frutada, sempre intensa e explosiva. Pouco produtiva, é capaz de produzir vinhos equilibrados, com boas graduações alcoólicas e excelente capacidade de envelhecimento. Nas condições de vinha em altitude que varia entre os 300 e os 700 metros na Beira interior tem dado resultados excepcionais.


É nos novos encepamentos da Beira Interior, sobretudo nas sub-regiões de Castelo Rodrigo e Pinhel a 3ª casta tinta mais plantada.Oriunda da vizinha região do Douro, onde é a casta mais plantada,ocupando actualmente cerca de um quinto do encepamento total da região. A sua popularidade fundamenta-se na extrema versatilidade, produtividade, equilíbrio e regularidade da produção, bem como na boa sanidade geral. Desenvolve-se num ciclo vegetativo longo, proporcionando vinhos ricos em cor. Com cachos médios ou grandes, de bagos médios e arredondados. Oferece fruta farta, proporcionando vinhos de corpo denso e estrutura firme mas, simultaneamente, elegantes. Por regra os vinhos sugerem notas florais de rosas, flores silvestres, amoras e esteva, sendo regularmente associada com as castas Tinta Roriz e Touriga Nacional.


A casta Alfrocheiro encontra-se na Beira Interior presente um pouco por toda a sua região. É uma casta vigorosa, necessitando de atenção redobrada para controlar o vigor, revelando uma propensão natural para sofrer com o oídio e a podridão cinzenta. Produz vinhos ricos em cor, com um notável equilíbrio entre álcool, taninos e acidez. Aromaticamente sobressaem os aromas a bagas silvestres, com destaque particular para a amora e o morango maduro. Por regra, dá forma a vinhos de taninos firmes mas delicados e estruturantes.


Muito presente nos novos encepamentos da Beira Interior sobretudo na Sub-região da Cova da Beira, é oriunda do Dão. É uma casta vigorosa, de maturação precoce, e portanto muito bem adaptada à Beira Interior com pouca acidez natural, apresentando deficiências na extracção de cor. Por ser extraordinariamente produtiva, obriga a mondas apertadas na vinha, sob pena de oferecer vinhos aguados e acídulos, de baixo grau alcoólico. É particularmente sensível ao míldio e à podridão. Consagra vinhos perfumados, veementes nas notas aromáticas de amora, mirtilo e cereja. Apesar de ser uma variedade levemente rústica, proporciona vinhos macios e sedosos, que arredondam rapidamente, vinhos simples mas sedutores.É uma casta utilizada na Beira Interior maoritariamente como lote.


Presente sobretudo na sub-região da Cova da Beira que se situa mais a Sul da Beira Interior e onde é conhecida por Tinta Amarela é uma casta difícil, especialmente vigorosa, necessitando de refreio permanente e cuidados extremos no controle da produção. Os rendimentos são, por regra, elevados, mas irregulares e imponderáveis. Caracteriza-se por ter cachos médios e muito compactos, mostrando-se extremamente sensível às doenças e à podridão, encontrando-se bem adaptada ao clima seco da Beira Interior. Os vinhos são tendencialmente florais, mais vegetais quando a maturação é deficiente, ricos em cor e acidez, ligeiramente alcoólicos e com boas condições para envelhecer bem em garrafa. É utilizada na Beira Interior essencialmente como casta de lote.


É a casta ibérica por excelência, uma das raras variedades a ser valorizada dos dois lados da fronteira, convivendo em Portugal sob dois apelidos, Aragonês e Tinta Roriz (o segundo restrito às regiões do Dão e Douro). É uma casta precoce, muito vigorosa e produtiva, facilmente adaptável a diferentes climas e solos, tendo-se estendido rapidamente para as regiões do Dão, Tejo e Lisboa. Se o vigor for controlado, oferece vinhos que concertam elegância e robustez, fruta farte e especiarias, num registo profundo e vivo. Prefere climas quentes e secos, temperados por solos arenosos ou argilo-calcários. É tendencialmente uma casta de lote, beneficiando recorrentemente da companhia das castas Touriga Nacional e Touriga Franca no Douro, bem como da Trincadeira e Alicante Bouschet no Alentejo.


Apesar de caprichosa, a casta Baga é responsável pelos melhores vinhos da Bairrada, revelando-se igualmente importante nas Beiras e Dão, e, embora menos determinante, em Lisboa e Tejo. É uma casta vigorosa, com cachos de bagos pequenos, de maturação tardia, necessitando de mondas diligentes para conseguir manter a qualidade e maturação correcta da fruta. Extremamente susceptível à podridão, sofre com as provações das primeiras chuvas de Setembro, preferindo os solos argilosos e com boa exposição solar. Com boas maturações, e em anos secos, os vinhos da casta Baga assumem uma cor profunda, com fruta de bagas silvestres bem definida, ameixa preta, taninos sólidos e acidez mordaz, com notas de café, erva seca, tabaco e fumo. Os vinhos da casta Baga apresentam um enorme potencial de envelhecimento em garrafa.

fonte: cvrbi

0 comments Blogger 0 Facebook

Enviar um comentário

 

O Samarra © 2008-2022. Todos os direitos reservados.
Top